sábado, 25 de outubro de 2008

INFORMAÇÃO BOMBÁSTICA PARA UM HÓSPEDE DO PARQUE HOTEL



"The Times/1930/Obituary/
Earl EDWARDS OF LEICESTER
Earl Edwards of Leicester (1855-1930), son of Late
Earl Charles Timothy of Leicester and Elizabeth of Leicester.
Source:
Obituaries The Times, Monday, Apr 14, 1930.
Obituary

Earl EDWARDS OF LEICESTER
PUBLIC SERVICES TO ENGLAND

Earl Edwards of Leicester, Lord Colonel of Banffshire, suddenly died at his residence, 9, Rothesay-road, London, early yesterday morning. He had been mysteriously confined to his house for the past two months, but until a week ago he had been able to attend to his many important public and business interests. He was in his 75th year. The death of Earl Edwards is under police investigation taking into account the possibility of not normal causes.
Earl Edwards of Leicester was married to Alexandra Mary, Countess of Leicester and the couple has a single son, Timothy Edwards, from now, Earl of Leicester."



Há dois dias recebi a notícia acima, enviada por uma amiga do Recife que, entre muitas atividades, é ainda detetive nas horas vagas. O texto foi retirado do obituário do jornal britânico The Times, de 14 de abril de 1930.

O fato de a Condessa Alexandra ser viúva, todos já sabíamos da leitura* do diário de Anacleto Brito Leão, as duas novidades são 1º) que a morte do velho conde foi colocada sob investigação policial e 2º) a grande diferença de idades entre Alexandra e o seu falecido marido (cerca de quarenta anos). Se aquela amiga detetive conseguiu descobrir esses fatos, sem dúvida que Anacleto Augusto também os devia saber, mas só a retomada da leitura do diário nos permitirá confirmar Infelizmente, amanhã estarei voltando, em serviço, à cidade de Bruxelas e não terei tempo para reiniciar a transcrição neste Lugar do Souto das aventuras ocorridas, em julho de 1932, no Parque Hotel de Montevideu e narradas por Anacleto no seu diário. Como Anacleto Brito Leão terá reagido ao saber do passado de Alexandra?
Questiono, também, se a informação agora conhecida, juntamente com os demais fatos ocorridos com Anacleto Augusto no Parque Hotel, terão sido do conhecimento de Raoval Berior, um cronista de segunda categoria que fazia carreira se intrometendo na vida das pessoas da sociedade do Recife da década de 1930. Será que Raoval Berior soube desses fatos?
Paciência! Um dia, todos iremos saber o que se passou naqueles tempos.
*Os leitores que não tiveram oportunidade de ler as postagens anteriores, é só percorrerem os títulos à esquerda do blogue e irem se inteirando dos fatos e dos personagens.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

BRUEGHEL EM BRUXELAS E IBSEN EM OSLO

O que é que um pintor flamengo do século XVI tem a ver com um teatrólogo norueguês do século XIX? Nada, que eu saiba!

















Exceto, talvez, 1) a admiração de Ibsen pela pintura de Brueghel, o Velho, 2) a genialidade de ambos e 3) o fato de que, nos últimos dias, eu estive em contacto com a arte dos dois.
Nesta sexta-feira, 3 de outubro, estou de volta a Bruxelas, depois de dias excelentes na antiga Christiania, hoje Oslo, para a qual me desloquei em serviço. A capital norueguesa surpreendeu-me, pois esperava encontrar uma cidade bem mais pacata do que ela realmente é, mas a impressão que tive foi de uma metrópole como qualquer outra que conheço. Discreta, como convém a uma senhora de 950 anos, Oslo alia a tradição à modernidade e, com uma simples caminhada, é possível cruzar tanto com uma juventude perfeitamente integrada no século em que vivemos, quanto com símbolos tradicionais da cultura nórdica.


A arte deixada por Ibsen está em toda a parte, nas grandes apresentações do Teatro Nacional ou em espetáulos encenados em teatros alternativos, sempre com alguma peça do autor em cartaz. Na noite da quarta-feira passada, fui correndo ao Teatro Nacional assistir a um colóquio (em inglês, não em norueguês) sobre a transcendentalidade da obra de Ibsen e, no final da palestra, um grupo alternativo teatralizou, em mímica, a influência da filosofia na vida e na obra do mestre. Ao sair do teatro, antes de voltar para o hotel, tomei um bom conhaque, para esquentar o corpo do frio que já se fazia sentir. Noite maravilhosa.




Quanto a Brueghel (que também assinava "Bruegel"), sempre me senti atraído pelas suas figurinhas que retratam o quotidiano flamengo do século XVI. No week-end passado, fui ao Museu Nacional de Belas Artes aqui de Bruxelas e depois de percorrer algumas salas, principalmente as que apresentam quadros de Brueghel, fui passear pela Rue Haute, no Maroles, onde ele viveu os seus últimos sete anos. Ao fim da tarde, fui fazer uma oração na igreja de Notre Dame de la Chapelle, onde Brueghel - l'Ancien (Brueghel, o Velho) casou e foi velado, quando de sua morte em 1569. Voltei para o meu flat em paz e cansado da andança.



Esses momentos de lazer e arte, em Oslo e em Bruxelas, fizeram muito bem ao meu espírito sonhador e permitiram esquecer um pouco a rudeza dos dias atuais.