Escolhi temas em excesso para o título desta postagem: um cartunista recifense, o seu personagem ilustre e reflexões sobre o último dia de um ano (no caso, 2010) do calendário gregoriano, mas prometo que serei breve sobre cada um deles.
Será que alguém recorda que neste 31 de dezembro, há exatos 49 anos, ocorreu a trágica morte de Péricles de Andrade Maranhão? Faço outra pergunta, será que alguém, com menos de 49 anos, recorda-se de Péricles? No Brasil de hoje, de curta memória histórica, tenho dúvidas de que ele seja lembrado como o deveria ser e, sinceramente, lamento esse esquecimento.
Péricles nasceu em 1924, na cidade do Recife, no bairro do Espinheiro, que é contíguo ao bairro das Graças, no qual eu nasci, sendo esta a única coincidência entre nós. Não sou desenhista, nem nunca tive o dom da comédia crítica, mas sei reconhecer um grande artista e o traço de Péricles é o reflexo de um grande cartunista. Muito cedo, Péricles foi para o Rio de Janeiro e, entre os anos de 1943 e 1962 (um ano depois de sua morte), a figura criada por esse gênio pernambucano estava presente em todos os fatos e piadas da época.
No dia 31 de dezembro de 1961 o cartunista resolveu, aos 37 anos, dar fim à vida, por razões que não nos compete julgar. Ligou o gás, deixou um bilhete dizendo "Para mim, basta" e outro à porta pedindo para não riscarem fósforos e pronto... partiu dormindo. A solidão foi a causa do seu gesto e o "Amigo da Onça" o seu algoz, já que Péricles não conseguia se libertar do fato de ser conhecido apenas como o seu autor. A criatura matou o criador, mesmo sem o querer fazer. Quem sabe se essa não foi a última maldade de "O Amigo da Onça"?
Gostaria de prestar a minha homenagem a Péricles e deixar aqui o meu manifesto para que as autoridades competentes de Pernambuco, em especial as da cidade do Recife, no ano de 2011, que já está batendo à porta, não se esqueçam de homenagear os 50 anos do desaparecimento desse nosso conterrâneo ilustre, que ocorrerá a 31 de dezembro. Aproveitem a data, para promover, durante todo o ano, eventos sobre o autor e sobre a sua obra, inclusive os primeiros desenhos publicados no "Diário de Pernambuco".
É com essa nota que termino o ano de 2010, mais um dos muitos já festejados, de uma maneira ou de outra, nas cidades onde vivi. Recordo, nem sei porque razão, que há 40 anos eu estava muito feliz numa gelada e colorida Paris. Que saudade daquele dia e daquela companhia!
Poderia, ainda, falar de muitas coisas, inclusive da "Senhora Solidão", que levou Péricles tão jovem e que, a cada ano que passa, é companheira (será que solidão pode ser companheira?) de mais seres humanos, no Recife, no Brasil e um pouco por toda a parte.
O dia 31 de dezembro, porém, é dia de reflexão, de abraços, de companheirismo, de alegria e de promessas, não deixemos que ele seja um dia de solidão.
Poderia, ainda, falar de muitas coisas, inclusive da "Senhora Solidão", que levou Péricles tão jovem e que, a cada ano que passa, é companheira (será que solidão pode ser companheira?) de mais seres humanos, no Recife, no Brasil e um pouco por toda a parte.
O dia 31 de dezembro, porém, é dia de reflexão, de abraços, de companheirismo, de alegria e de promessas, não deixemos que ele seja um dia de solidão.
FELIZ 2011.
Todas as fotos e desenhos desta crônica estão livremente disponíveis na Internet.