domingo, 24 de maio de 2009

A VIRADA RUSSA - H. MALIÉVITCH E MUITO MAIS


SUPREMATISMO. A arte a partir do nada.
Cruz Negra, Quadrado Negro e Círculo Negro.

Imperdível a exposição em cartaz na cidade de Brasília, "A Virada Russa". Como é vastamente sabido, o início do século XX foi um momento fértil e turbulento para a história da arte. As artes plásticas, a poesia, a música, a dança, o teatro e, até mesmo, o cinema, repudiavam a tradição e buscavam instituir uma nova norma. A Rússia não fugiu à regra.Adicionar imagem
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Toda a exposição é dedicada a esse contexto de transgressões, quando os artistas russos buscavam conformar (e confirmar) a virada que se instalou na arte do país nos primórdios do século XX. A coleção trazida ao Brasil pertence ao Museu Estatal Russo de São Petersburgo e totaliza 123 obras, entre telas, cartazes, esculturas, figurinos e alguns objetos do quotidiano de então.

Ontem, passei boa parte da tarde e do início da noite embevecido com as telas de Kandínski, Ródtchenko, Lariónov, Tátlin, Natalia Gontcharova e por aí vai. Algumas obras, eu já conhecia, outras, não, assim como me eram também desconhecidos alguns artistas. Pior para mim, que levei tanto tempo para os conhecer.


Impossível não ficar emocionado ao estar frente a frente com a Promenade de Marc Chagall e não sentir um arrepio com a trilogia de Maliévitch (também grafado "Malevich"), que inicia o presente texto. E o que dizer da "Cabeça de Camponês", retratando o povo russo pelas leis estéticas do superativismo? Genial.

À genialidade deste último, concedo o título da postagem, e ele passa
, assim, a representar cada um dos artistas que constituem a exposição. Todos, entretanto, são merecedores de servir de título a qualquer crônica sobre exposições e sobre a pintura russa daquela época.

Cheguei a pensar em descrever o que foi a deno
minada "virada russa" nas artes, mas, por ser um leigo, prefiro inserir algumas obras do meu favorito, Maliévitch. Peço que apreciem o traço inovador e a força de cada tela, sem esquecer que são todas das primeiras décadas do século passado. Solicito, também, uma atenção especial para o auto-retrato feito em 1933, símbolo da ironia do artista contra os valores estalinistas e inserido no início desta postagem, em miniatura, para aguçar a curiosidade. Maliévitch? Malevich? O que importa é o gênio do artista, não a grafia do nome em nosso alfabeto.



Aos que puderem, aconselho saírem de casa e irem correndo à exposição "A Virada Russa" (em Brasília até o dia 7 de junho e, em seguida, no Rio de Janeiro e São Paulo). Claro, que quem quiser e ainda não tiver ido, poderá visitar São Petersburgo, em 2010, porque todas as obras voltarão para lá. Pessoalmente, ainda não fui à maravilhosa cidade museu da Rússia. Quem sabe, um dia, não irei rever essas obras no Museu Estatal Russo de São Petersburgo? (Sonhar não custa...).

quarta-feira, 20 de maio de 2009

DARWINIUS MASILLAE - IDA, MARAVILHA DA CRIAÇÃO/EVOLUÇÃO

IDA
Et Fiat Lux


Nós, humanos, somos especialistas em muitas coisas, inclusive em dar nomes a pessoas, animais, objetos e fósseis.







Há poucos dias, um grupo de cientistas apresentou
à comunidade internacional um fóssil, ao qual apelidaram de "Ida", que foi identificado como ancestral dos primatas. Os cientistas afirmam que o fóssil é o elo perdido entre os prossímios e os símios, categoria onde, no topo evolutivo, inclui-se o Homo Sapiens Sapiens, isto é, nos incluímos todos. Embora descoberta há mais de vinte anos, só agora Ida foi revelada.

Maravilha da ciência, maravilha ainda maior da Criação.

As descobertas científicas sempre me fascinaram e a cada nova revelação aumenta a convicção que tenho de que tudo o que vivemos é o evoluir constante do "Momento Primeiro". Após o "Comando Criador", a Luz foi feita e, a partir daí, o livre arbítrio foi deixado à criação para evoluir e percorrer a longa caminhada até à "Força Inominada", que foi o princípio e que será o fim do inexplicável percurso.


Estimou-se a idade de 47 milhões de anos para o fóssil da pequena Ida. Tão pouco tempo na girândola do Universo!


A enorme revelação dos cientistas, que a todos surpreende e maravilha, comprova a nossa finitude e pequenez diante da Magnitude Daquele que a tudo criou.

sábado, 9 de maio de 2009

CORDEL DO MAQUILADOR MILAGREIRO

Neste sábado, véspera de um domingo comemorativo, ninguém consegue andar nos centros comerciais de Brasília e, por esse motivo e por preguiça, resolvi ficar todo o dia em casa, meio sem graça e sem disposição para fazer nada, além de dormir, acordar e dormir de novo. No meio da tarde, porém, recebi um telefonema de duas amigas do Recife que iria pôr fim à monotonia do sábado. Durante a alegre (e cheia de vírus gripais) conversa telefônica, uma das minhas amigas, cordelista e pasquinista de carteirinha assinada e com glorioso passado militante, perguntou se eu já havia lido o emblemático folheto, símbolo do cordel pernambucano "O Maquilador Milagreiro".

Naquele momento eu não lembrei de já ter lido o folheto e também não sabia da fama de santo, com direito a operar milagres e tudo, de nenhum maquiador. Prometi às amigas que iria pesquisar sobre o cordel nos meus alfarrábios e, logo que descobrisse alguma referência, daria uma resposta.
Em seguida, mexi e remexi nas minhas caixas, procurei na montanha de folhetos que tenho na biblioteca e, de repente, deparei com o citado folheto que, por estar novinho com as folhas ainda fechadas, deve ter sido colocado na estante muito recentemente. O título é esse mesmo, "Maquilador" (grafado "Maquiladô) e não "Maquiador", como manda o Aurélio. Por outro lado, o adjetivo "milagreiro" indica não aquele que acredita facilmente em milagres, mas sim a pessoa que opera o feito. Escolhi, então, a melhor poltrona, soltei as folhas presas e me entreguei ao folheto, escrito em um português nada conforme com as regras clássicas, que narra o conto cheio de milagres e mistérios de um milagreiro sertanejo que vem operando feitos extraordinários na região. A seguir, reproduzo os primeiros versos, exatamente com a mesma grafia simplória e incorreta do folheto, de autor desconhecido:


"Acreditem, ilustres senhores, que esse fato é verdadeiro

Moça véia vira nova, homem gordo vira magro e osso vira gordura,

Tudo isso acontecendo, sem que ninguém saiba porquê,

Em terras do nosso sertão, lá pr'os lados de Umbuzeiro.

A fila é de se perdê de vista

Com gente rezando e chorando pr'o novo milagreiro,

Pedindo só pr'á sentá na cadeira de doutô,


Oiá aquela máquina que ocês chamam de câmera

E por graça de sei lá quem,


magreza vai virá beleza e veíce será juventude.


Pr'ó povo de Umbuzeiro o milagre é obra séria, fruto de fé e amô,


De um desencarnado bondoso que já foi maquiladô,


Que mijo transforma em água, que depois é congelada sem usá congeladô.


Seja lá o que fô, só sei que é coisa boa, pois tem padre, home e muié


Querendo moiá a cara com água que já foi mijo e que era quente e gelô.

O milagre da juventude tá na água gelada pelo santo maquiladô.

Ao povo do meu sertão, eu que sou cantadô,
só tenho pr'á dizê a todos


Que mais d
o que dom beleza é hábito e obra do milagreiro,

Que já foi maquiladô e
teve fé no Sinhô"
.