sábado, 15 de novembro de 2008

D. MANUEL II DE PORTUGAL - ANIVERSÁRIO NATALÍCIO

No dia 15 de novembro de 1889, nascia em Lisboa o Infante Dom Manuel, filho d'El-Rei Dom Carlos I e da Rainha Dona Amélia e que, com apenas 18 anos, foi levado pelos percalços do destino, a assumir o trono de Portugal, com o título de Dom Manuel II. A história tem sido, algumas vezes, injusta com este Rei, que foi o último da saga dos quase oito séculos da monarquia lusa, mas alguns historiadores mais recentes têm tentado transmitir a verdade sobre o caráter do jovem monarca.

Se Dom Manuel de Bragança cometeu erros, eles foram causados pela inexperiência dos seus 18 anos e por alguns maus conselheiros, mas em nenhum momento foi fraco como Chefe de Estado ou fútil, como homem. Era um apaixonado pelo seu país e pelo povo português, que tanto o injustiçou.

A seguir, reproduzo um trecho do livro (ainda não concluído, nem, obviamente, publicado), "Dom Manuel II - o voo solitário das saudades de um rei". Em tom autobiográfico e num delírio visionário, o autor percorre a vida do monarca, desde o nascimento, em15 de novembro de 1889, até o dia da morte, em 2 de julho de 1932.




"[Oiço choro de criança, risos e vozes femininas que me são ainda confusas… “É um Infante, é um Infante”…, oiço-as agora com nitidez dizer. São quase seis da manhã, seis horas menos exactos quinze minutos e começo a reconhecer e a identificar cada pessoa, primeiro, pelas vozes, depois, pelo que delas me foi dado ver em antigas fotos da família. Lá está D. Alice Costa, parteira da família real! Destaca-se entre todas pela brancura do avental sobre o vestido negro, a segurar uma criança nos braços e a mostrá-la aos presentes, orgulhosa, tal qual timoneiro que acabara de conduzir o barco a porto seguro. A ajudá-la, vejo uma criada que ainda lembro chamar-se Catherine Ijel e que sei ser luxemburguesa. Ao lado de ambas, a condessa de Sabugosa, aia da rainha. Criadas mais novas a apoiá-las no seu trabalho desdobram-se em cuidados de limpeza, enquanto correm em alvoroço de um lado para o outro. Em meio àquele reboliço, identifico, por fim, a mamã, tão bonita e tão nova, sorridente em sua cama, plácida, ainda que extenuada, como qualquer mãe que dera há pouco à luz um filho, em nada nisso distinguindo-se rainhas ou não-rainhas.

Se pouca dúvida tinha, doravante nenhuma mais tenho: sou eu aquela criança que acabara de nascer. Vejo-me recém-nascido. Abro os olhos pela primeira vez. Mulheres de preto, vestes negras em todo o quarto. Não percebo porque todo este negro. Um bom sucesso é ou não uma ocasião de grande regojizo? Por que ou por quem, então, será o luto? Ah, é claro, já me lembro, a corte cumpre nojo pesado quer pela morte do Infante D. Augusto, falecido a 26 de setembro, quer pela do seu irmão, o Rei D. Luís, meu avô, ocorrida há menos de um mês e, além disso, o preto — luto ou não — foi, é e também no futuro devê-lo-á ser, a cor favorita das mulheres do meu país.]"

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

EROS ET AGAPE


" "Eros" et "agape" – diversitas et unitas Amori inter virum ac mulierem, qui non ex cogitatione nascitur neque ex sola voluntate verum certo quodam modo homini imponitur, Graecia antiqua nomen tribuit eros. Iam in antecessum fatemur Vetus Testamentum Graecum bis tantum, Novum contra Testamentum numquam vocabulum eros adhibere: tribus enim ex vocibus Graecis ad amorem spectantibus — eros, philia (amicitiae amor) et agape — Novi Testamenti scripta concedunt quoddam fere privilegium extremo nomini, quod in Graeca lingua potius ad marginem remittebatur. Quod amicitiae ad amorem (philia) attinet, is repetitur et in Ioannis Evangelio altiorem accipit significationem, quatenus necessitudinem inter Iesum eiusque discipulos declarat. Haec exclusio verbi eros atque simul novus amoris prospectus qui per vocem exprimitur agape eo usque quasi exclusam sine dubitatione in christianae vitae novitate aliquid necessarium omnino ad amorem comprehendendum designat. [...]"



Todos os que me lêem sabem das minhas convicções. Nesta postagem, sem nenhum apelo religioso, nem com a intenção de influenciar a filsosofia humanística ou teológica de quem quer que seja, gostaria de sugerir a leitura da Encíclica "Deus caritas est", publicada no dia de natal de 2005 por Sua Santidade o Papa Bento XVI. Magnífica peça filosófica. A encíclica desse grande e muito sábio teólogo serve de alento a todos os que estiverem passando por um momento de dúvida quanto aos valores da nossa sociedade, aos que estiverem perdidos nos labirintos do ódio, da revolta, da inveja e da incompreensão. Sempre que sinto o inconformismo feroz ou a desilusão descabida quererem aflorar no meu espírito, leio uma ou duas páginas da "Deus caritas est" e durmo em paz. Afinal, como diz Sua Santidade, Deus é amor e Deus está em todos nós, portanto, todos somos eros e agape e devemos viver plenamente essa "unidade dual," esse mistério do Criador, entranhado em nós, suas criaturas.
A encíclica foi redigida em latim, mas é possível encontrá-la em vários idiomas, inclusive, o português

sábado, 8 de novembro de 2008

MÁRIO NUNES - PINTOR DO RECIFE E ARREDORES


Ontem à noite, enquanto folheava um livro, que tenho comigo aqui em Brasília, sobre retrospectivas de pintores famosos organizadas por entidades governamentais, confirmei o que já há muito sabia: as entidades culturais oficiais do Recife são ingratas com os seus artistas e têm memória curta em relação à arte daqueles que fizeram sucesso em um passado não tão distante assim.

Pensei, por exemplo, no pintor Mário Nunes, que talvez alguns dos leitores deste blog não tenham conhecido, mas que foi um dos fundadores da Escola de Belas Artes do Recife, além de excelente cenógrafo dos teatros recifenses e um dos artistas convidado para pintar o Teatro do Parque, quando ele foi inaugurado.

Mário Nunes, que nasceu no Recife em 27 de outubro de 1889 e morreu na mesma cidade em 1982 (se não me falha a memória)(corrigi a data anterior, de 1962 para 1982, conforme comentário abaixo), é considerado um impressionista tardio, tendo a sua obra a marca de retratar as paisagens pernambucanas, os locais e os fatos marcantes do Recife e dos seus arredores. O mestre influenciou a arte de muitos dos seus alunos, hoje pintores de renome da cidade do Recife e foi contemporâneo, entre outros, de Murillo La Greca, mas não obteve a mesma notoriedade deste também excelente pintor.


Algumas galerias ainda tentam divulgar os quadros do mestre Mário Nunes, mas é minha opinião que o Departamento Cultural da Prefeitura do Recife deveria promover uma mostra com as inúmeras telas ainda existentes e que se encontram tanto em galerias de arte, quanto em coleções particulares. A ocasião seria excelente para promover um grande artista pernambucano, contar a sua vida com fotos e textos, além de rever, através das obras, um pouco do passado de um Recife que não existe mais. Só de igrejas pernambucanas, por exemplo, ele pintou mais de 40 telas, sem contar com inúmeras outras que mostram paisagens já alteradas pelo progresso.

Neste ano de 2008, um famoso marchand do Recife lançou um livro com as igrejas pintadas por Mário Nunes, ao mesmo tempo em que exibiu as telas originais. Excelente evento, que merece parabéns, mas é preciso que as entidades oficiais também promovam o que temos de melhor.


Desde muito jovem que me sinto atraído pelas telas de Mário Nunes, pelo seu toque impressionista tropical, pelo amor com que retratou a nossa terra. Acho mesmo que passei toda a vida olhando e me deixando impressionar por uma tela do pintor que emoldurava a sala de jantar da casa dos meus pais e que me acompanha até hoje. Deixo aqui a lembrança, em tom de apelo, às entidades culturais da nossa cidade, para promovem um grande ciclo de mostras de pintores recifenses do passado e do presente, iniciando para o mestre Mário Nunes. Vamos prestigiar o que é nosso, divulgar os artistas que amaram a cidade do Recife e demonstraram o amor através da arte.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

WELCOME MR. PRESIDENT

O Lugar do Souto tem por princípio não publicar postagens de cunho político, não manifestando apoio a qualquer partido ou ideologia, seja no âmbito nacional, seja no internacional.

Toda pessoa que vive em sociedade é uma pessoa política. O resultado de uma eleição em um país como os Estados-Unidos da América que, agradando ou não, exerce o controle econômico do planeta, sempre nos afeta. Foi, portanto, com grande interesse que passei esta madrugada acordado até às 5:30h daqui de Portugal, acompanhando a apuração voto a voto.


Já segui inúmeras eleições nos E.E.U.U., algumas com muita paixão, outras, sem qualquer interesse. A eleição de ontem, porém, ultrapassou a tudo o que já vi na política da potência norte-americana. Tenho a certeza de que todos vivemos um momento único e os dias 4 e 5 de novembro de 2008 irão marcar a história do mundo ocidental. Estou feliz pelo resultado das eleições e por ter tido a chance de presenciar essa mudança que nos afeta a todos, mesmo aos mais esquecidos.


Parabéns ao povo dos E.E.U.U. e parabéns, Presidente Barack Obama. O mundo confia em você. Sorte!