sábado, 8 de novembro de 2008

MÁRIO NUNES - PINTOR DO RECIFE E ARREDORES


Ontem à noite, enquanto folheava um livro, que tenho comigo aqui em Brasília, sobre retrospectivas de pintores famosos organizadas por entidades governamentais, confirmei o que já há muito sabia: as entidades culturais oficiais do Recife são ingratas com os seus artistas e têm memória curta em relação à arte daqueles que fizeram sucesso em um passado não tão distante assim.

Pensei, por exemplo, no pintor Mário Nunes, que talvez alguns dos leitores deste blog não tenham conhecido, mas que foi um dos fundadores da Escola de Belas Artes do Recife, além de excelente cenógrafo dos teatros recifenses e um dos artistas convidado para pintar o Teatro do Parque, quando ele foi inaugurado.

Mário Nunes, que nasceu no Recife em 27 de outubro de 1889 e morreu na mesma cidade em 1982 (se não me falha a memória)(corrigi a data anterior, de 1962 para 1982, conforme comentário abaixo), é considerado um impressionista tardio, tendo a sua obra a marca de retratar as paisagens pernambucanas, os locais e os fatos marcantes do Recife e dos seus arredores. O mestre influenciou a arte de muitos dos seus alunos, hoje pintores de renome da cidade do Recife e foi contemporâneo, entre outros, de Murillo La Greca, mas não obteve a mesma notoriedade deste também excelente pintor.


Algumas galerias ainda tentam divulgar os quadros do mestre Mário Nunes, mas é minha opinião que o Departamento Cultural da Prefeitura do Recife deveria promover uma mostra com as inúmeras telas ainda existentes e que se encontram tanto em galerias de arte, quanto em coleções particulares. A ocasião seria excelente para promover um grande artista pernambucano, contar a sua vida com fotos e textos, além de rever, através das obras, um pouco do passado de um Recife que não existe mais. Só de igrejas pernambucanas, por exemplo, ele pintou mais de 40 telas, sem contar com inúmeras outras que mostram paisagens já alteradas pelo progresso.

Neste ano de 2008, um famoso marchand do Recife lançou um livro com as igrejas pintadas por Mário Nunes, ao mesmo tempo em que exibiu as telas originais. Excelente evento, que merece parabéns, mas é preciso que as entidades oficiais também promovam o que temos de melhor.


Desde muito jovem que me sinto atraído pelas telas de Mário Nunes, pelo seu toque impressionista tropical, pelo amor com que retratou a nossa terra. Acho mesmo que passei toda a vida olhando e me deixando impressionar por uma tela do pintor que emoldurava a sala de jantar da casa dos meus pais e que me acompanha até hoje. Deixo aqui a lembrança, em tom de apelo, às entidades culturais da nossa cidade, para promovem um grande ciclo de mostras de pintores recifenses do passado e do presente, iniciando para o mestre Mário Nunes. Vamos prestigiar o que é nosso, divulgar os artistas que amaram a cidade do Recife e demonstraram o amor através da arte.

Um comentário:

Ivenio Pires disse...

Recentemente fazendo uma pesquisa nos sites referentes ao pintor Mário Nunes, eu noto que muitas das informações neles contidas não condizem com a realidade, são notas e fatos que não batem com a realidade e isso parte de pessoas "ligadas" as artes de Pernambuco, ou seja ao "mercado de arte local" - infelizmente!
Na verdade, a volta do pintor as suas atividades em seus últimos anos de vida se deve a iniciativa do pintor Fernando Lúcio(na época assim como eu estudante de pintura da Escola de Belas Artes de Pernambuco), quando sem nenhum apoio até o momento - fato esse por ele relatado a nós - prometemos a semanalmente levá-lo aos arredores do Recife e cidades do interior de pernambuco para pintar-mos, e isso se deu por um período ininterrupto de seis anos, até a sua morte ocorrida em 1982 e não em 1962 como muitos supõem.
Há muita distorções nisso tudo que precisa ser esclarecidas.
O mais triste nisso tudo foi o seu enterro que compareceu ao seu velório cerca de 20 a 30 pessoas (ninguém ligada a arte e a cultura do Estado ou Município).
Tudo isso é muito lamentável para um artista do porte de Mário Nunes que é sem duvida um dos pilares mais importantes da arte e da cultura de
Pernambuco que merece ser respeitado e reconhecido como tal pelo Estado e de cuja iniciativa deve partir, inclusive para uma maior valorização da própria arte e cultura do Estado de Pernambuco.

Ivênio Pires