sábado, 3 de maio de 2008

"CORRIENTES TRES CUATRO OCHO"

É início do Outono no hemisfério sul e as já habituais reuniões de trabalho me trouxeram de volta a Buenos Aires, que está mais fria do que o normal para esta época do ano, mas com o sol brilhando radioso. O bom clima faz com que a cidade apresente-se mais encantadora do que sempre é. A crise econômica que permanece na Argentina não tirou a beleza de Buenos Aires, nem espantou os turistas. As ruas estão repletas desde de manhã cedo até alta madrugada, seja no centro - na conhecida Calle Florida -, seja em Palermo - bairro boêmio-, seja na Boca, seja nos restaurantes de Puerto Madero. Enfim, em todos os locais Buenos Aires é uma festa para os turistas. E como ela é linda!


As livrarias em Buenos Aires são outra atração a não perder, e as promoções permitem adquirir excelentes livros dos melhores autores argentinos a preços impossíveis de se conseguir no Brasil. Ultimamente, tenho me distraído com Ernesto Sabato.




A arquitetura portenha é uma clara demonstração do apogeu da cidade, de uma época onde Buenos Aires rivalizava na cultura, na arte, no luxo e na vida mundana com Paris, Berlim ou Londres. Cito como referências arquitetônicas, entre muitos, o Teatro Colón (na foto), o Centro Naval, as Galerias "Pacífico", o Círculo Militar ou o Ministério das Relações Exteriores (Palácio San Martin). A sede da chancelaria argentina ocupa aquele que já foi símbolo da riqueza das famílias portenhas, o Palácio Anchorena, construído entre 1905 e 1909, pelo arquiteto Alejandro Christophersen, a pedido de Mercedes Castellanos de Anchorena e que foi local de grandes recepções sociais até ser adquirido pelo Estado em 1936. No Palácio San Martin trabalha-se e inunda-se em arte.


Não tive tempo, até agora, para ir a uma casa de tangos e, mesmo se tivesse tido, não sei se teria ido, pois o trabalho me tem deixado estafado e, além disso, jantar sozinho não é lá muito agradável. Há certas coisas que ainda não fiz na vida, e começo achando que não farei mais, por exemplo, ir a uma casa de tangos em Buenos Aires, ao sambódromo no Rio de Janeiro, ou a um restaurante com show de flamenco em Madrid. Entretanto, mesmo sem conhecer muitos tangos e ser completamente desafinado em qualquer ritmo, esta tarde dei por mim caminhando e cantarolando um velho tango, sucesso desde meados da década de 1920. “Corrientes três cuatro ocho,/ segundo piso, ascensor./ No hay porteros ni vecinos, /adentro, cocktail y amor...”:

http://www.paixaoeromance.com.br/o_tango/amedialuz/amedialuz.htm

Se algum dia houve tango, cocktail e amor no número 348 da Avenida Corrientes, há muito tempo que deixou de haver, porque o prédio tem a aparência de ser, há largos anos, ocupado por insípidos escritórios comerciais. Pelo menos, colocaram, por cima do horroroso semáforo, um lampião sugestivo e uma placa que recorda os versos de “A media luz”.



http://www.youtube.com/watch?v=VIic8BQlZAc


Depois de ouvir Libertad Lamarque, decidi, vou jantar a uma casa de tangos e tomar um bom vinho da terra! Não será com certeza no número 348 da Corrientes, mas será em qualquer outro lugar, desde que ... a media luz...





Fazer compras, para quem gosta e tem tempo, ainda é conveniente para os brasileiros, mas os preços estão subindo a cada dia. Aos que ainda não foram e pretendem ir até Buenos Aires, não deixem de visitar as Galerias "Pacífico", onde se faz compras em meio a uma grande beleza.
Confirmem no vídeo a seguir:


 

Buenos Aires, 30 de abril de 2008.

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