Há uns dois ou três dias, um velho amigo meu, teatrólogo pernambucano de renome, associou-se a alguns outros (e outras) amigos e repetiu aquela pergunta que não quer calar: "Os direitos autorais do Diário de Anacleto Brito Leão pertencem a quem? Eis uma pergunta que merece resposta rápida e, para que tudo fique bem claro, resolvi, em primeiro lugar, contar quem foi esse Anacleto, autor das memórias que vêm sendo publicadas, desde 27 de outubro de 2007, no nosso "Lugar do Souto".
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Anacleto Augusto de Albuquerque Brito Leão nasceu a 10 de julho de 1892 num típico engenho novecentista dos subúrbios do Recife. Filho, neto e bisneto de nomes tradicionais ligados, pelo lado paterno, à cultura canavieira de Pernambuco e, pela mãe, às melhores famílias da nobreza cafeeira de São Paulo: café com açúcar, uma boa mistura. A infância foi feliz, rodeada de mimos pela mãe e por duas tias paternas, solteironas convictas, que viviam no Engenho da Várzea desde o nascimento e que nele morreram com todas as unções da Santa Madre Igreja. Do pai, o Barão da Várzea, recebeu a típica educação dos senhores de engenho, autoritária, rígida e machista. Além de Anacleto, os Barões da Várzea (título recebido no Segundo Império), tinham uma filha, Maria Laudelina, oito anos mais nova do que o irmão.
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Anacleto Augusto de Albuquerque Brito Leão nasceu a 10 de julho de 1892 num típico engenho novecentista dos subúrbios do Recife. Filho, neto e bisneto de nomes tradicionais ligados, pelo lado paterno, à cultura canavieira de Pernambuco e, pela mãe, às melhores famílias da nobreza cafeeira de São Paulo: café com açúcar, uma boa mistura. A infância foi feliz, rodeada de mimos pela mãe e por duas tias paternas, solteironas convictas, que viviam no Engenho da Várzea desde o nascimento e que nele morreram com todas as unções da Santa Madre Igreja. Do pai, o Barão da Várzea, recebeu a típica educação dos senhores de engenho, autoritária, rígida e machista. Além de Anacleto, os Barões da Várzea (título recebido no Segundo Império), tinham uma filha, Maria Laudelina, oito anos mais nova do que o irmão.
Em agosto de 1909, aos dezessete anos, Anacleto Augusto seguiu para Coimbra, Portugal, onde se formou em Direito, com especialização em Direito da Família. Aluno brilhante e boêmio inveterado pareciam duas realidades inconciliáveis, mas, para ele, não foram, pois apesar de nunca ter tido problemas com os estudos, sempre foi frequentador assíduo das paródias conimbricenses. Conta-se que muitas donzelas perderam esse status por causa dos amores sentidos pelo seu físico sedutor, pelo doce acento do português falado no nordeste brasileiro e pelos réis brasileiros que ele gastava aos milhares.
A 1ª Grande Guerra retardou a volta ao Brasil e em 1914 seguiu para Lisboa, supostamente para especialização nos melhores escritórios de advocacia da capital lusitana. Tal não aconteceu, já que lá se envolveu com uma dançarina espanhola que quase o levou à ruína moral e financeira, depois de o pai, em 1917, ter cortado a polpuda mesada que lhe mandava de Pernambuco. Para sorte dele e azar dela, a febre amarela levou a belíssima espanhola "desta para melhor" e ele, finda a guerra, seguiu para Londres, onde se ligou a um escritório de importação de um dos inúmeros amigos do pai, reabilitando o respeito paterno, a saúde abalada e a carteira vazia.
Em junho de 1922, pouco antes dos trinta anos, Anacleto e Alaíde de Castro Mello eram os alegres noivos da quadrilha de São João do Engenho da Várzea. A partir do seu regresso ao Brasil, passou a gerir a parte jurídica do Engenho do pai e a aproveitar a vida no melhor estilo. Anualmente, viajava às estações de inverno da Argentina, com uma obrigatória passagem por Montevidéu, no Uruguai e, de dois em dois anos, regressava à Europa, onde deixara amigos, amigas e amores vários. A morte dos avós em São Paulo e das tias paternas acima citadas, conseguiram deixá-lo mais rico do que o próprio pai, visto ser o único neto homem e o herdeiro absoluto e adorado das titias nordestinas. Em 1932 (julho) durante uma das férias no Parque Hotel de Montevidéu, foi acometido de uma forte febre - que se julgou tifóide - com delírios que o levaram a afirmar que vira a capital uruguaia no futuro. Recuperando-se da febre e dos delírios iniciou o diário, interrompido, inesperada e inexplicavelmente, na Quaresma de 1939 (quem sabe se um dia não se descobre a razão).
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A falta de herdeiros diretos e a autorização cedida aos donos da Editora Imaginação, dos quais a adquiri, são a resposta à pergunta sobre os direitos autorais das memórias de Anacleto Brito Leão, que pertenciam à Imaginação e agora pertencem a este blog, que mais não pretende do que tornar do conhecimento dos fiéis leitores um pouco da vida, dos amores, das tragédias de um homem chamado Anacleto, que viveu em outra época e em outros lugares que certamente existiram tal como ele os descreveu (assim me garantiu a Imaginação ao ceder os direitos autorais).
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À Editora Imaginação deixo aqui os meus agradecimentos pela publicação periódica do Diário de Anacleto e prometo que ele ainda será objeto de inúmeras postagens (após o crivo da censura prévia).
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À Editora Imaginação deixo aqui os meus agradecimentos pela publicação periódica do Diário de Anacleto e prometo que ele ainda será objeto de inúmeras postagens (após o crivo da censura prévia).