Sempre gostei de Portugal, entre muitas outras razões, por quase português eu ser. Nasci no Brasil, filho de pais portugueses, mas foi em Portugal que passei boa parte de minha juventude, quando fui estudar na Universidade Clássica de Lisboa, tendo continuado a visitar o país durante toda a minha vida.
Conheci um Portugal de outras épocas, que já não era a época dos cinco réis ou das esferas, mas que era muito diferente do que é hoje, o que, aliás, é natural. Conheci Portugal (e nele vivi) numa época em que o autoritarismo era predominante e onde algumas pessoas sempre estavam de dedo em riste proibindo alguma coisa, controlando alguma atitude. Não sou contra a manutenção da ordem, a existência de permissões e de proibições para que uma sociedade possa viver em paz e tranquilamente, muito pelo contrário, mas sempre me incomodava o fato de algumas pessoas utilizarem o regime de então para reprimir os seus concidadãos. Esse posicionamento não deveria existir mais.
Ocorre, porém, que, estando eu em Braga, no norte de Portugal, resolvi fazer um vídeo sobre a Sé, para colocar no You Tube e divulgar o monumento para quem não o conhece. A minha intenção era a de criar um novo vídeo sobre aquele templo quase milenar e patrimônio da humanidade, mas só consegui apresentar o casario que compõe o pátio e o átrio frontal da igreja. O dedo em riste e a mão espalmada de um guardião lusitano à moda antiga me impediu de continuar.
Reafirmo que entendo e aceito que regras são para serem cumpridas e que, na Sé de Braga, não se pode filmar o interior do templo. Só não entendo porque outros templos portugueses, como a basílica de Fátima, e os de outros países, como a igreja de São Pedro, em Roma, ou a de São Francisco, na Bahia, ícone do barroco brasileiro, podem ser fotografados e filmados, e a Sé de Braga, não pode! De que modo, então, divulgar o patrimônio, que pertence à humanidade, se não existem DVDs e vídeos oficiais para serem vendidos e os turistas não podem filmar? E eu que acreditava que os dedos em riste e as mãos espalmadas, simbolizando repressão, haviam sido há muito abolidos em Portugal! O vídeo abortado está disponível no You Tube, entre os vídeos de vasconcellosl1 (http://www.youtube.com/user/vasconcellosl1), com o mesmo título desta postagem.
Seja como for, não deixem de visitar a Sé de Braga. Sede do Bispado fundado, segundo a tradição, por São Tiago Maior, que lá deixou como primeiro bispo o seu discípulo São Pedro de Rates. Santiago Maior (muito raramente, Santiago, o Grande), também chamado Santiago Filho do Trovão ou Santiago de Compostela (martirizado em 44 da nossa Era), foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo. Muitos são os que crêem que S. Tiago visitou a província romana de Hispânia. Por causa desta origem apostólica, a Sé é considerada Sacrossanta Basílica Pimacial da Península Ibérica e o seu arcebispo, Primaz das Espanhas. Possui uma liturgia própria, a liturgia bracarense. A igreja assenta sobre as bases de um antigo mercado ou templo romano dedicado a Ísis (como atesta uma pedra votiva na parede leste) e sobre muros de uma posterior basílica paleocristã.
A Sé de Braga é considerada como um centro de irradiação episcopal e um dos mais importantes templos do românico português, a sua história melhor documentada remonta à obra do primeiro bispo, D. Pedro de Braga, correspondendo à restauração da Sé episcopal em 1070, de que se conservam poucos vestígios.
Apesar de tudo, sempre que puder, voltarei à Sé de Braga!
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