Um quase diário de cunho memorialista, informativo e ficcional. Recordar fielmente o passado, informar corretamente o presente e tentar prever o futuro é tudo o que pretendemos. Por ser um diário ficcional, um pouco de sonho e de ficção nos fatos do passado, do presente e do futuro ajuda-nos a enfrentar a dura realidade do cotidiano.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
O ABANDONO DAS PRAÇAS DO RECIFE: PRAÇA MACIEL PINHEIRO
Moscoso, Largo do Aterro ou da Matriz, da Boa Vista, Conde D'Eu, foram nomes dados à outrora tão bonita e estimada Praça Maciel Pinheiro. Qual o natural do Recife que não a conhece?
O nome atual da praça é uma homenagem ao jornalista, bacharel em direito e abolicionista Maciel Pinheiro, que morreu em 1889, com apenas 39 anos, em consequência de malária contraída durante a guerra do Paraguai.
Na ocasião de sua inauguração, a Praça apresentava um grande chafariz, bonitos lampiões que iluminavam todo o ambiente, bancos de madeira, tendo o jardim todo cercado por grades de ferro. A escritora Clarice Lispector viveu, durante algum tempo, em um sobrado que fica na esquina da Praça com a Travessa do Veras.
Da comparação de alguns cartões postais que retratam o que foi a Praça Maciel Pinheiro, em diferentes épocas, com fotos retiradas da Internet mostrando o estado atual dessa praça, podemos concluir que os nossos edis, aqueles que mandam nos destinos da cidade do Recife, não devem gostar nada de praças e/ou jardins, porque se não fosse assim, sem dúvida que já a teriam restaurado.
Vamos viver com a esperança de que a nova administração, que toma posse em janeiro de 2013, tenha sensibilidade e amor pela cidade e comece a pensar no problema social, que tem como consequência o deplorável estado em que se encontram muitos pontos emblemáticos do Recife e procurem resolver, primeiramente a questão humana para, em seguida, restituir a beleza de nossas praças.
Senhor prefeito eleito Geraldo Júlio de Mello Filho restitua a cidadania à praça Maciel pinheiro!
domingo, 16 de setembro de 2012
quarta-feira, 4 de julho de 2012
BÓSON DE HIGGS - POR QUE NÃO CHAMAR DE O INSTANTE DO "FIAT LUX"?
Hoje, a humanidade está vivendo um daqueles dias que ficarão na história. O Bóson (ou Bosão) de Higgs foi cientificamente comprovado. O momento criador começa a ser entendido pelas mentes humanas.
O Bóson de Higgs é uma partícula elementar prevista pelo Modelo Padrão de partículas, teoricamente surgida logo após ao Big Bang de escala maciça hipotética predita para validar o modelo padrão atual de partícula - Não precisa entender, basta acreditar e maravilhar-se com a descoberta do que pode ser comparado àquele instante que a Bíblia, em latim, chamou de o momento do FIAT LUX.
Na realidade, o que interessa é estar consciente de que estamos dando mais um grande passo na formação do mente humana, na compreensão de onde viemos, do porque somos, do porque estamos e para onde ainda podemos ir. Somos parte de um TODO incomensurável e, enquanto formos matéria pensante, temos de procurar manter a harmonia do conjunto.
A LUZ fez-se mais um pouco no dia de hoje.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
NO RECIFE, A RUA FORMOSA E O CAMINHO NOVO DERAM LUGAR À AVENIDA CONDE DA BOA VISTA, QUE DE FORMOSA E NOVA NÃO TEM MAIS NADA
Quem é natural do Recife, aqui mora ou vem muito à cidade, conhece bem a Avenida Conde da Boa Vista, que não é mais a antiga Rua Formosa, adornada por casarões com grandes jardins, nem mesmo a promissora avenida do início da segunda metade do século XX, com prédios em formatos considerados exóticos. Hoje, ela um corredor de ônibus, sem qualquer atrativo e cheia de perigos para os que gostam, como eu, de fazer longos percursos a pé.
No início da segunda metade do século XVIII, uma boa parte do atual bairro da Boa Vista era área de mangue, um grande alagado enlameado, que já estava, em parte, sendo aterrado, mas, ainda, praticamente intransitável. No ano de 1840, o conde da Boa Vista, então presidente da província de Pernambuco, iniciou o aterro do bairro, construindo a primeira parte de uma grande via de acesso entre o centro da cidade e a zona oeste, desde a Rua da Aurora até a Rua Visconde de Camaragibe, mais tarde, Rua do Hospício.
A população, encantada com a beleza da nova rua, logo a batizou de Rua Formosa, posteriormente, foram concretizadas as segunda e terceira partes, indo, o Caminho Novo, até o bairro do Derby. Só depois da morte do Conde da Boa Vista a nova via recebeu o nome do seu mentor. Portanto, Rua Formosa + Caminho Novo = Avenida Conde da Boa Vista. A Avenida Conde da Boa Vista teve um primeiro trecho alargado em 1946, já o alargamento do trecho seguinte, até a Rua Dom Bosco, só foi concluído entre os anos de 1955/1959. As duas obras foram feitas nas gestões do prefeito Pelópidas Silveira. Lembro perfeitamente do segundo alargamento, ocorrido a partir do local onde comecei o "passeio" que passarei a descrever.
No início desta semana, aproveitando um agradável entardecer, resolvi passear pela Avenida Conde da Boa Vista, desde a esquina do Colégio de São José, até o edifício Duarte Coelho, às margens do Rio Capibaribe, locais esses mostrados nas duas imagens abaixo, que, como todas as outras, estão disponíveis na Internet. O motivo de tão esdrúxulo passeio foi, pura e simplesmente, saudosismo de alguém que passou parte de sua juventude andando por aquela avenida, um dos principais corredores centro-subúrbio desta minha tão querida cidade do Recife.
A população, encantada com a beleza da nova rua, logo a batizou de Rua Formosa, posteriormente, foram concretizadas as segunda e terceira partes, indo, o Caminho Novo, até o bairro do Derby. Só depois da morte do Conde da Boa Vista a nova via recebeu o nome do seu mentor. Portanto, Rua Formosa + Caminho Novo = Avenida Conde da Boa Vista. A Avenida Conde da Boa Vista teve um primeiro trecho alargado em 1946, já o alargamento do trecho seguinte, até a Rua Dom Bosco, só foi concluído entre os anos de 1955/1959. As duas obras foram feitas nas gestões do prefeito Pelópidas Silveira. Lembro perfeitamente do segundo alargamento, ocorrido a partir do local onde comecei o "passeio" que passarei a descrever.
No início desta semana, aproveitando um agradável entardecer, resolvi passear pela Avenida Conde da Boa Vista, desde a esquina do Colégio de São José, até o edifício Duarte Coelho, às margens do Rio Capibaribe, locais esses mostrados nas duas imagens abaixo, que, como todas as outras, estão disponíveis na Internet. O motivo de tão esdrúxulo passeio foi, pura e simplesmente, saudosismo de alguém que passou parte de sua juventude andando por aquela avenida, um dos principais corredores centro-subúrbio desta minha tão querida cidade do Recife.
A primeira tristeza foi no momento em que não encontrei o Colégio Padre Félix na esquina do lado oposto ao Colégio de São José, que, pelo menos, ainda continua no mesmo lugar. A nostalgia inicial transformou-se em revolta ao chegar à Ponte Duarte Coelho, depois de percorrer os poucos quilômetros da triste caminhada.
Para melhor explicar a razão de tão fortes sentimentos de tristeza e revolta é preciso que se volte ao início do "passeio" por uma avenida que poderia ter sido a "Gran Via" recifense. Comecei às 16:50h da última terça-feira e terminei já a noite havia caído.
A cada quarteirão que eu avançava mais difícil se tornava caminhar, com as calçadas cheias de buracos, ou de vendedores ambulantes mal organizados, ou, ainda, de muito lixo abandonado, obrigando-me a descer para a pista de veículos a fim de poder continuar o percurso.
Para piorar a situação, há alguns anos, resolveram transformar a avenida num corredor exclusivo para ônibus, com armações de péssimo gosto e, o que é pior, sem nada melhorar a vida dos usuários.
Na realidade, as dificuldades só aumentaram, quer para atravessar a avenida, quer mesmo para descer ou subir dos coletivos, pois os passageiros, quase sempre, são obrigados a cruzar uma das vias locais, com risco de atropelamento.
Mesmo assim, insisti na caminhada, fazendo mil e uma peripécias para saltar sobre o lixo acumulado e os buracos enlameados. Lembrei, então, do grande lamaçal que deveria ser aquela área antes dos aterros dos séculos XVIII e XIX e me perguntei "Será que alguma coisa mudou?"
Após tentar matar a saudade de um passado não muito remoto, o que consegui foi ficar com mais saudade ainda, já que nada que me fizesse lembrar da Avenida Conde da Boa Vista da minha juventude existe ou está, ao menos, parecido com o que era àquela altura. Formosa, então, é que ela não é mais.
O que poderia (ou poderá) ser feito para tentar acabar com a poluição visual, com o caos urbano, com o perigo encontrado a cada trecho, que destroem a formosura da Avenida Conde da Boa Vista? A resposta cabe aos candidatos à próxima eleição.
sábado, 28 de janeiro de 2012
A AUSÊNCIA DA IGREJA DOS MARTÍRIOS VERSUS A PRESENÇA DA AVENIDA DANTAS BARRETO
Longe de mim ser crítico de política ou dos políticos, pricipalmente aqui no Lugar do Souto, pois esta não é a sua função.
Às vezes, porém, a saudade bate à porta de um lóbulo qualquer de meu cérebro e traz à memória pessoas, lugares, monumentos ou simples construções que exisitiram e que deixaram de existir, no curto período de uma vida humana, graças, apenas, à ação direta de alguns políticos.
Às vezes, porém, a saudade bate à porta de um lóbulo qualquer de meu cérebro e traz à memória pessoas, lugares, monumentos ou simples construções que exisitiram e que deixaram de existir, no curto período de uma vida humana, graças, apenas, à ação direta de alguns políticos.
No dia 23 passado, dando uma volta nostálgica pelo centro do Recife, mais precisamente pelas ruas do velho e abandonado bairro de São José, lembrei de que, há exatos 39 anos, a única igreja no Brasil inteiramente construída por escravos havia sido demolida. Refiro-me, é claro, à Igreja do Bom Jesus dos Martírios, reproduzida, no início e no fim da postagem, em pintura de Eliezer Xavier. A sua demolição deu lugar ao novo traçado da Avenida Dantas Barreto, onde eu estava naquele exato momento.
Para quem não conhece a história desse templo católico, a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Martírio foi instituída no ano de 1773, na Matriz de Nossa Senhora do Rosário da Vila do Recife, sendo constituída por "homens pretos e crioulos (ou pardos)". Em 1775, transferiu-se para a Igreja de Nossa Senhora do Paraíso, onde foi colocada a imagem do Senhor dos Martírios.
Tendo sido concedido o privilégio de uma procissão anual, surgiu a necessidade de a Irmandade ter uma capela própria para o culto do padroeiro. O templo foi, então, construído num terreno doado, em 1782, pelo sargento-mor José Marques do Vale e sua esposa Senhora Ana Ferreira, situado no extremo da Vila de Santo Antônio. Concluída a obra, a irmandade e a imagem do divino padroeiro foram para lá transladados. Desde o século XVIII, a procissão do Senhor Bom Jesus dos Martírios percorria as ruas do bairro de São José e algumas do bairro de Santo Antônio, na cidade do Recife.
Mesmo deixando de lado a conotação meramente religiosa daquela, ou de qualquer outra procissão - ainda que elas façam parte da tradição cultural de qualquer cidade cristã -, o que dizer do desaparecimento do pequeno templo do bairro de São José, em estilo rococó, construído por escravos angolanos, e que poderia ainda hoje ser um local vivo da história recifense, pernambucana e, por que não, brasileira? Tudo acabou no dia 23 de janeiro de 1973, porque assim o quiseram os homens que detinham o poder àquela época.
As cidades crescem e aos administradores públicos incumbe adaptá-las à evolução dos tempos, disto não restam dúvidas, mas modernizar não precisa ser sinônimo de destruir, posto que sempre existe a possibilidade de se aliar o progresso à história, à tradição, à preservação da memória urbana, à cultura de um povo.
Muito já se escreveu e muito mais já se falou sobre a absurda destruição, e não pretendo escrever mais sobre fato tão distante e irreversível. Pretendo, apenas, lamentar, como eu lamentei no dia 23 de janeiro de 2012, a ausência da Igreja do Bom Jesus dos Martírios e a presença, em seu lugar, da Avenida Dantas Barreto, pois o que a paisagem daquela tarde me mostrava em nada dignificava a história do meu Recife.
sábado, 14 de janeiro de 2012
1912 - 2012 - GRANDES NAUFRÁGIOS
Não é costume nas postagens do "Lugar do Souto" evocarmos tragédias, sejam elas de maior ou de menor dimensão (se é que uma tragédia pode ser dimensionada). Abre-se hoje uma exceção.
Nesta publicação, sem muito texto, o Lugar do Souto homenageia os desaparecidos em dois grandes naufrágios, o do Titanic, no dia 14 de abril de 1912 e o ocorrido esta madrugada, dia 14 de janeiro de 2012, com o Costa Concordia. (Destaco aqui que o naufrágio começou com o embate em um rochedo ainda na noite do dia 13, sexta-feira).
Coincidência de datas: dois dias 14 e anos terminados em 12. O momento não é de procurar culpados, mas de lamentar a tragédia.
Nesta publicação, sem muito texto, o Lugar do Souto homenageia os desaparecidos em dois grandes naufrágios, o do Titanic, no dia 14 de abril de 1912 e o ocorrido esta madrugada, dia 14 de janeiro de 2012, com o Costa Concordia. (Destaco aqui que o naufrágio começou com o embate em um rochedo ainda na noite do dia 13, sexta-feira).
Coincidência de datas: dois dias 14 e anos terminados em 12. O momento não é de procurar culpados, mas de lamentar a tragédia.
Nossa homenagem para os que perderam a vida em tragédias ontem, hoje e sempre.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
EU QUERO EMULSÃO DE SCOTT
Já não há mais crianças como as de antigamente ou o conto da irmã caprichosa e da irmã boazinha!*
O subtítulo acima até parece de literatura de cordel, mas não é. Aproveitando o fato de que o meu lado retrô e saudosista mais uma vez assomou à flor da pele, resolvi iniciar as postagens de 2012 prestando homenagem a uma amiga querida que, quando criança, tinha um comportamento tão diferente do das crianças de hoje (e até de muitas daquele tempo), que é digno de ser descrito numa postagem deste blogue.
Essa minha amiga, filha de um alto funcionário da administração de Getúlio Vargas e de uma senhora do lar, era uma criança muito dócil e boazinha e seguia ao pé da letra o que os pais ditavam, até mesmo quando pedia um presente.
O pai, devido ao cargo que tinha, estava sempre em viagem de serviço e, antes de sair de casa, perguntava às duas filhas o que elas queriam receber de presente do Distrito Federal (à época, o Rio de Janeiro). A irmã de nossa heroína, que além de mais sapeca e serelepe, era muito "pidona" e caprichosa, enchia o pobre pai de pedidos, entre eles, doces da Pastelaria Colombo, uma boneca da Betty Boop, o último número da revista Fon Fon ou mesmo o Almanaque do Tico-Tico, visto que era assídua leitora dessas duas publicações.
E ai do pai se não trouxesse as encomendas, pois quando voltasse teria de aturar as birras da filha, que, além de ficar mal-humorada, cismava em não querer a Fitina, que a mãe religiosamente a fazia tomar durante a sopa do almoço. E o pior é que ela se vingava da ausência de presentes beliscando a irmã boazinha, que nem sequer chorava, de tão meiga e amiga da irmã que era! Saliente-se que a boazinha sempre recebia o presente que pedia.
Mas não foi para falar da irmã caprichosa que resolvi escrever esta crônica, mas sim da boazinha, exemplo de criança e orgulho dos pais.
Não pensem, porém, que o pai fazia alguma discriminação entre as filhas e só trazia presentes para uma delas (a boazinha). Muito pelo contrário, o que acontecia inúmeras vezes era que ele, que mal tinha tempo para sair das reuniões de trabalho, não podia procurar e comprar as encomendas difíceis da filha caprichosa, mas, por outro lado, sempre encontrava o que a boazinha pedia.
E por qual razão o pedido de uma das filhas era sempre encontrado? Pasmem agora os leitores! Só para agradar ao pai, quando ele perguntava: "O que é que você quer de presente", a irmã boazinha simplesmente dizia: "Eu quero Emulsão de Scott".
Os anos passaram e as irmãs cresceram, mas não mudaram de temperamento.
Caso alguém que as conheça vá viajar, nunca pergunte à irmã caprichosa o que é que ela quer de presente, pois apesar de agora as duas fazerem, anualmente, um cruzeiro que navega por mares nunca dantes navegados, ela continua pedindo aos outros viajantes coisas exóticas e bem mais difíceis de encontrar do que o Almanaque do Tico-Tico ou um réplica da Betty Boop. E, se não trouxerem as encomendas, a irmã boazinha talvez não leve mais beliscões, mas, certamente, durante o próximo cruzeiro terá o seu frasco de Emulsão de Scott escondido debaixo da cama ou jogado ao mar por uma das vigias do navio...
*(Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais, é mera coincidência).
Essa minha amiga, filha de um alto funcionário da administração de Getúlio Vargas e de uma senhora do lar, era uma criança muito dócil e boazinha e seguia ao pé da letra o que os pais ditavam, até mesmo quando pedia um presente.
O pai, devido ao cargo que tinha, estava sempre em viagem de serviço e, antes de sair de casa, perguntava às duas filhas o que elas queriam receber de presente do Distrito Federal (à época, o Rio de Janeiro). A irmã de nossa heroína, que além de mais sapeca e serelepe, era muito "pidona" e caprichosa, enchia o pobre pai de pedidos, entre eles, doces da Pastelaria Colombo, uma boneca da Betty Boop, o último número da revista Fon Fon ou mesmo o Almanaque do Tico-Tico, visto que era assídua leitora dessas duas publicações.
E ai do pai se não trouxesse as encomendas, pois quando voltasse teria de aturar as birras da filha, que, além de ficar mal-humorada, cismava em não querer a Fitina, que a mãe religiosamente a fazia tomar durante a sopa do almoço. E o pior é que ela se vingava da ausência de presentes beliscando a irmã boazinha, que nem sequer chorava, de tão meiga e amiga da irmã que era! Saliente-se que a boazinha sempre recebia o presente que pedia.
Mas não foi para falar da irmã caprichosa que resolvi escrever esta crônica, mas sim da boazinha, exemplo de criança e orgulho dos pais.
Não pensem, porém, que o pai fazia alguma discriminação entre as filhas e só trazia presentes para uma delas (a boazinha). Muito pelo contrário, o que acontecia inúmeras vezes era que ele, que mal tinha tempo para sair das reuniões de trabalho, não podia procurar e comprar as encomendas difíceis da filha caprichosa, mas, por outro lado, sempre encontrava o que a boazinha pedia.
E por qual razão o pedido de uma das filhas era sempre encontrado? Pasmem agora os leitores! Só para agradar ao pai, quando ele perguntava: "O que é que você quer de presente", a irmã boazinha simplesmente dizia: "Eu quero Emulsão de Scott".
Os anos passaram e as irmãs cresceram, mas não mudaram de temperamento.
Caso alguém que as conheça vá viajar, nunca pergunte à irmã caprichosa o que é que ela quer de presente, pois apesar de agora as duas fazerem, anualmente, um cruzeiro que navega por mares nunca dantes navegados, ela continua pedindo aos outros viajantes coisas exóticas e bem mais difíceis de encontrar do que o Almanaque do Tico-Tico ou um réplica da Betty Boop. E, se não trouxerem as encomendas, a irmã boazinha talvez não leve mais beliscões, mas, certamente, durante o próximo cruzeiro terá o seu frasco de Emulsão de Scott escondido debaixo da cama ou jogado ao mar por uma das vigias do navio...
Entrou por uma perna de pinto, saiu por uma perna de pato...
*(Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais, é mera coincidência).
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