Já não há mais crianças como as de antigamente ou o conto da irmã caprichosa e da irmã boazinha!*
O subtítulo acima até parece de literatura de cordel, mas não é. Aproveitando o fato de que o meu lado retrô e saudosista mais uma vez assomou à flor da pele, resolvi iniciar as postagens de 2012 prestando homenagem a uma amiga querida que, quando criança, tinha um comportamento tão diferente do das crianças de hoje (e até de muitas daquele tempo), que é digno de ser descrito numa postagem deste blogue.
Essa minha amiga, filha de um alto funcionário da administração de Getúlio Vargas e de uma senhora do lar, era uma criança muito dócil e boazinha e seguia ao pé da letra o que os pais ditavam, até mesmo quando pedia um presente.
O pai, devido ao cargo que tinha, estava sempre em viagem de serviço e, antes de sair de casa, perguntava às duas filhas o que elas queriam receber de presente do Distrito Federal (à época, o Rio de Janeiro). A irmã de nossa heroína, que além de mais sapeca e serelepe, era muito "pidona" e caprichosa, enchia o pobre pai de pedidos, entre eles, doces da Pastelaria Colombo, uma boneca da Betty Boop, o último número da revista Fon Fon ou mesmo o Almanaque do Tico-Tico, visto que era assídua leitora dessas duas publicações.
E ai do pai se não trouxesse as encomendas, pois quando voltasse teria de aturar as birras da filha, que, além de ficar mal-humorada, cismava em não querer a Fitina, que a mãe religiosamente a fazia tomar durante a sopa do almoço. E o pior é que ela se vingava da ausência de presentes beliscando a irmã boazinha, que nem sequer chorava, de tão meiga e amiga da irmã que era! Saliente-se que a boazinha sempre recebia o presente que pedia.
Mas não foi para falar da irmã caprichosa que resolvi escrever esta crônica, mas sim da boazinha, exemplo de criança e orgulho dos pais.
Não pensem, porém, que o pai fazia alguma discriminação entre as filhas e só trazia presentes para uma delas (a boazinha). Muito pelo contrário, o que acontecia inúmeras vezes era que ele, que mal tinha tempo para sair das reuniões de trabalho, não podia procurar e comprar as encomendas difíceis da filha caprichosa, mas, por outro lado, sempre encontrava o que a boazinha pedia.
E por qual razão o pedido de uma das filhas era sempre encontrado? Pasmem agora os leitores! Só para agradar ao pai, quando ele perguntava: "O que é que você quer de presente", a irmã boazinha simplesmente dizia: "Eu quero Emulsão de Scott".
Os anos passaram e as irmãs cresceram, mas não mudaram de temperamento.
Caso alguém que as conheça vá viajar, nunca pergunte à irmã caprichosa o que é que ela quer de presente, pois apesar de agora as duas fazerem, anualmente, um cruzeiro que navega por mares nunca dantes navegados, ela continua pedindo aos outros viajantes coisas exóticas e bem mais difíceis de encontrar do que o Almanaque do Tico-Tico ou um réplica da Betty Boop. E, se não trouxerem as encomendas, a irmã boazinha talvez não leve mais beliscões, mas, certamente, durante o próximo cruzeiro terá o seu frasco de Emulsão de Scott escondido debaixo da cama ou jogado ao mar por uma das vigias do navio...
*(Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais, é mera coincidência).
Essa minha amiga, filha de um alto funcionário da administração de Getúlio Vargas e de uma senhora do lar, era uma criança muito dócil e boazinha e seguia ao pé da letra o que os pais ditavam, até mesmo quando pedia um presente.
O pai, devido ao cargo que tinha, estava sempre em viagem de serviço e, antes de sair de casa, perguntava às duas filhas o que elas queriam receber de presente do Distrito Federal (à época, o Rio de Janeiro). A irmã de nossa heroína, que além de mais sapeca e serelepe, era muito "pidona" e caprichosa, enchia o pobre pai de pedidos, entre eles, doces da Pastelaria Colombo, uma boneca da Betty Boop, o último número da revista Fon Fon ou mesmo o Almanaque do Tico-Tico, visto que era assídua leitora dessas duas publicações.
E ai do pai se não trouxesse as encomendas, pois quando voltasse teria de aturar as birras da filha, que, além de ficar mal-humorada, cismava em não querer a Fitina, que a mãe religiosamente a fazia tomar durante a sopa do almoço. E o pior é que ela se vingava da ausência de presentes beliscando a irmã boazinha, que nem sequer chorava, de tão meiga e amiga da irmã que era! Saliente-se que a boazinha sempre recebia o presente que pedia.
Mas não foi para falar da irmã caprichosa que resolvi escrever esta crônica, mas sim da boazinha, exemplo de criança e orgulho dos pais.
Não pensem, porém, que o pai fazia alguma discriminação entre as filhas e só trazia presentes para uma delas (a boazinha). Muito pelo contrário, o que acontecia inúmeras vezes era que ele, que mal tinha tempo para sair das reuniões de trabalho, não podia procurar e comprar as encomendas difíceis da filha caprichosa, mas, por outro lado, sempre encontrava o que a boazinha pedia.
E por qual razão o pedido de uma das filhas era sempre encontrado? Pasmem agora os leitores! Só para agradar ao pai, quando ele perguntava: "O que é que você quer de presente", a irmã boazinha simplesmente dizia: "Eu quero Emulsão de Scott".
Os anos passaram e as irmãs cresceram, mas não mudaram de temperamento.
Caso alguém que as conheça vá viajar, nunca pergunte à irmã caprichosa o que é que ela quer de presente, pois apesar de agora as duas fazerem, anualmente, um cruzeiro que navega por mares nunca dantes navegados, ela continua pedindo aos outros viajantes coisas exóticas e bem mais difíceis de encontrar do que o Almanaque do Tico-Tico ou um réplica da Betty Boop. E, se não trouxerem as encomendas, a irmã boazinha talvez não leve mais beliscões, mas, certamente, durante o próximo cruzeiro terá o seu frasco de Emulsão de Scott escondido debaixo da cama ou jogado ao mar por uma das vigias do navio...
Entrou por uma perna de pinto, saiu por uma perna de pato...
*(Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais, é mera coincidência).
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