sexta-feira, 27 de maio de 2011

NA ÉPOCA EM QUE SE DAVA UM BIGU AOS VIZINHOS

Sou de uma tempo em que dar um bigu era uma praxe corriqueira, cotidiana, generalizada, e todos os que podiam davam. Até mesmo num fusca se dava um bigu. Como era salutar e tranquilizadora para a comunidade a prática de dar um bigu!

Calma, calma. Peço aos leitores mais conservadores, principalmente aos que não são do nordeste do Brasil, que não saiam deste blogue, porque o seu conteúdo não é erótico, nem as postagens têm qualquer cunho libidinoso, muito pelo contrário, nada mais correto e conservador do que as minhas lembranças postadas em forma de contos.

Ocorre, porém, que ultimamente tenho coletado na memória antigos termos ou expressões que caíram inteiramente em desuso no falar característico da cidade do Recife, onde nasci e moro atualmente. A primeira expressão que me veio à cabeça foi "dar um bigu". Quando eu era criança, havia o hábito do transporte em comum, solidário, participativo. Quem tinha carro dava bigu a quem não tinha ou a quem, por qualquer razão, preferia deixar o seu na garagem. "Dar um bigu" nada mais é do que "dar uma carona" ou, à lusitana, "dar uma boleia".

Um dia desses, conversando com um grupo de jovens, citei a expressão e, acreditem os que agora me leem, embora todos nascidos na capital pernambucana, nenhum sabia o que ela queria dizer, havendo até quem achasse que era algo de libidinoso. Meu Deus, onde é que estamos? O que se passa com as nossas expressões, com os termos seculares que sempre utilizamos aqui no Nordeste brasileiro e que foram absorvidos pela famosa globalização?

A partir da segunda metade da década de 1960 a televisão brasileira começou a receber influências dos programas produzidos no Rio de Janeiro e em São Paulo, primeiramente, sob a forma de vídeoteipes, em seguida, ao vivo e a cores, impondo a forma de falar do sudeste do país. Nada contra, mas lamento a perda gradativa de nossa identidade coloquial.

Voltando à expressão "dar um bigu", encontrei, em pesquisas na Internet, uma explicação que reproduzo a seguir, mas que duvido da veracidade: "[...Em tempos idos, construíram na cidade um hospital especialmente para soldados americanos que, quando precisavam ir para alguma parte da cidade, ficavam em frente ao hospital pedindo transporte (carona) aos carros que passavam, dizendo "be good, be good" ! Com o tempo, a expressão inglesa foi sendo modificada e se transformou no termo bigu...]". Embora, como disse acima, eu não ache que essa explicação seja verídica, no mínimo, ela é engraçada.

De tudo o que foi exposto, resta a proposta de se voltar à pratica de dar um bigu (ou vários bigus) aos vizinhos, para com isso tentar reduzir o número de veículos que circulam na nossa cidade, com engarrafamentos nunca dantes vistos por aqui. Sejamos solidários no transporte e a qualidade de vida de todos irá melhorar.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

S.A.I.R. DONA MARIA ELIZABETH DA BAVIERA DE ORLEANS E BRAGANÇA

Estivesse o Brasil ainda sob o regime monárquico e o fim de semana ora findo teria sido de luto nacional, pelo falecimento, no passado dia 13, de Dona Maria Elizabeth da Baviera de Orleans e Bragança.

Filha do Príncipe Francisco da Baviera e da Princesa Elizabeth de Croÿ, Dona Maria nasceu em Munique a 9 de setembro de 1914, recebendo o nome de batismo de Maria Isabel Francisca Teresa Josefa de Wittelsbach e Croy-Solre. Em 19 de agosto de 1937 desposou o Senhor Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, neto da Princesa Isabel, a Redentora, a quem sucedeu na chefia da Casa Imperial do Brasil. Pelo casamento, a princesa passou a ser, de jure, Imperatriz-Consorte do Brasil. Em 1945, a Augusta Senhora Dona Maria, em companhia de Dom Pedro Henrique e dos filhos até então nascidos, mudaram-se da Europa para o Brasil, onde fixaram residência permanente.


Exemplo de virtude cristã, S.A.I.R. Dona Maria da Baviera, como era mais conhecida, dedicou sua vida à educação dos filhos, a obras de caridade e, como lazer, à pintura em cerâmica. Após o falecimento de Dom Pedro Henrique, de jure Dom Pedro III do Brasil, Dona Maria passou a ser denominada Imperatriz Mãe do Brasil, devido ao fato de o seu filho primogênito, Dom Luiz, ter assumido a chefia da Casa Imperial. 

Nos últimos tempos, a Imperatriz Mãe vivia na cidade do Rio de Janeiro, onde entregou  o espírito ao Senhor na última sexta-feira, 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima e da abolição da escravatura no Brasil.

O Lugar do Souto transmite os seus respeitosos e sentidos pêsames ao Augusto Senhor Dom Luiz e à toda a Ilustre Família enlutada.
Requiescat in Pace.