terça-feira, 17 de junho de 2008

"C'ÉTAIT AU TEMPS OÙ BRUXELLES BRUXELLAIT"




Desta vez, a vinda a Bruxelas está sendo um autêntico "bate e volta". Cheguei no domingo, dia 15, e amanhã, dia 18, já estarei voando para Lisboa e depois, Brasília.


Sempre que estou aqui, vou ao Bozar (Palais des Beaux-Arts), à procura do que eles apresentam de bom. Hoje, ao cair da noite, fui e encontrei a exposição "Les collections royales d'Angleterre - De Bruegel à Rubens". Pela primeira vez, as coleções de pinturas flamengas pertencentes à Coroa Britânica atravessaram o Canal da Mancha e estão sendo exibidas em Bruxelas. A exposição está centrada nas pinturas da Flandres dos séculos XV ao XVII, compreendendo obras primas de Pieter Bruegel, o Velho, Rubens, Van Dyck, Hans Memling, entre outros.


Fiquei encantado com a contraposição entre obras de um mesmo mestre - pertencentes a coleções ou museus distintos, colocadas lado a lado, para que possam ser apreciadas conjuntamente. Por exemplo, o "Recenseamento de Belém" (acima), está ao lado do "Massacre dos inocentes" (abaixo), ambas de Bruegel, o Velho. A primeira tela pertencente à coleção de Sua Graciosa Majestade e a segunda, a um museu de Bruxelas. Os dois quadros ilustram magistralmente a inserção de cenas bíblicas nas paisagens cobertas de neve das vilas da região do Brabante. O fato de as telas estarem expostas conjuntamente permite a análise dos detalhes comuns, a observação das diferenças e a compreensão da técnica utilizada.


Bruxelas, porém, não é só museus, exposições, concertos e concursos musicais, é muito mais.


Bruxelles "bruxellait" na época cantada por Brel e Bruxelles "bruxelle" ainda hoje (não tentem traduzir o verbo, porque ele, oficialmente, não existe). As ruas insólitas do Marolles (bairro já mencionado em outras postagens), com esquinas românticas e pracetas improvisadas; a feira semanal da "Place du Châtelain", transformada em local de encontro das elites intelectual e artística e onde se degustam duas ou três (ou algumas mais) taças de vinho, sempre acompanhadas de uma porção de queijo artesanal; os brocantes dos fins-de-semana; a maratona de jazz do meio da Primavera; os passeios domingueiros nos parques verdíssimos com vários lagos de visão tranquilizadora. Tudo isso é Bruxelas. E mais, muito mais, para se ver ou fazer, dão a certeza de que Bruxelas brilhava na letra da música de Brel e brilha ainda hoje aos olhos dos que a sabem ver e amar.


Nada, nem ninguém em particular, me faz gostar de Bruxelas. Entretanto, pelo todo especial que ela é, eu gosto de estar em Bruxelas.

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