sábado, 10 de outubro de 2009

EM AMSTERDAM, VISITAR O HERMITAGE E FAZER MUITO MAIS



Visitar Amesterdã (na correta grafia brasileira) ou Amesterdão (na forma lusitana) é sempre um prazer inusitado e a certeza de conviver com o inesperado. Antes de continuar este texto, gostaria de salientar que prefiro usar a grafia do nome da cidade em neerlandês (Amsterdam), pois não me parece que as duas formas (brasileira e portuguesa) combinem muito com o espírito da exótica urbe.

É incrível como uma cidade não muito grande em termos populacionais (menos de 800.000 habitantes na área central e adjacências) consegue surpreender pela convivência pacífica entre o muito tradicional e o extremamente liberal.
A origem do nome "Amsterdam" está no latim, ao que parece, na frase "Homines menentes apud Amestelledamme", que traduzindo significa "Homens que vivem próximo ao Amestelladamme." "Amestelledamme" significa dam (dique) do rio Amstel. Por seu lado, o nome "Amstel" é a junção de "ame" ("água") e "stelle" ("terra seca"). Muita complicação para uma cidade tão linda! O rio Amstel atravessa a cidade e é cortado por quatro grandes canais, os quais são cruzados por uma infinidade de canais menores. O rio e todos os canais, à beira do mar do Norte, fazem da cidade um cenário de sonho, ainda que bastante úmido. É pelo Amstel e pelos canais que circulam os turistas e os quase dois milhões de pessoas que constituem a grande Amsterdam.

A data considerada como a da fundação da cidade é 27 de ou
tubro de 1275, mas apenas em 1300 é que lhe foi concedido o direito oficial de cidade, tendo o seu florescimento se dado no decorrer do século XIV. No século XVII, Amsterdam era a cidade mais rica do mundo e, já àquela altura, uma das mais liberais. Se ela já era liberal há mais de trezentos anos, imaginem o que ela é em pleno século XXI...No domingo 27 de setembro voltei à capital holandesa e, como sempre, uni lazer e cultura, daquele jeito que só Amsterdam consegue unir.

O dia que
dediquei a Amsterdam em setembro passado foi curto para tudo o que eu pretendia rever, mas, mesmo assim, fiz muita coisa. Comecei indo à Missa na Igreja de São Pedro e São Paulo, um ambiente de tranquilidade em pleno coração da agitada Kalverstraat, em seguida, fui ao mercado das flores da Singel (rua às margens do Singelgracht) e depois almocei em um acolhedor restaurante do Keisersgracht. Antes de enfrentar a enorme fila para entrada no Hermitage, tomei uma cerveja na Rembrandtsplein e, após visitar o museu, fui namorar (se não de fato, ao menos em desejo) nas cercanias do Distrito da Luz Vermelha.

Hermitage em Amsterdam? Sim, é ele mesmo ou, ao menos, uma "sucursal" do original, que o governo da Rússia c
edeu ao povo holandês e que agora é o seu xodó. O museu, que fica em um maravilhoso edifício do século XVII, foi inaugurado em junho deste ano pelo presidente russo e por S.M. a Rainha Beatrix-Wilhelmina. Como é natural, o acervo em muito fica a dever ao do Hermitage de São Petersburgo, mas as exposições itinerantes e a beleza do próprio edifício tornam a visita obrigatória a quem for à cidade.

O domingo passado em Amsterdam foi enriquecedor e
cheio de saudosas lembranças de amigos muito queridos que lá moraram ou que lá já estiveram comigo. A partida desses amigos para uma dimensão superior fez com que eu rejeitasse voltar à cidade durante alguns anos. Mateus, Jan, Dirk, Adriano, Zé Mário, já não estão fisicamente entre nós, mas o espírito de cada um deles continua vivo, não só em nossos corações, mas também na alegria das ruas de Amsterdam, nas flores do mercado da Singel, no cheiro a batata frita, na água que corre por seus canais. Ir hoje a Amsterdam, além das tradicionais visitas aos museus já conhecidos e ao novo Hermitage, passou a ser para mim um rosário de penas que vou desfiando e que me faz mais nostálgico do que normalmente sou. Amsterdam, porém, continua viva e linda e a vida é para ser vivida e cantada, seja "Sous les ponts d'Amsterdam" (na voz de Brel), seja nas praças, nos bares, nas ruas. Amsterdam é hoje, também, o Hermitage, mas é mais do que ele, muito mais. É vida, é alegria, é amor, é passado, é presente e será futuro!


É até mesmo ver uma Olinda que não mais existe!

Nenhum comentário: