Crônica de título mais adequado para um livreto de literatura de cordel do que para uma postagem despretensiosa de um blogue da era da informática.
Que a Natureza é sábia todos sabemos e que a expressão é uma das campeãs do lugar comum, também sabemos. Mesmo assim, não resisto em começar a nossa conversa de hoje com a afirmativa de que “a Natureza é sábia”, para mim, de conteúdo tão sábio quanto o que ela afirma sobre a Natureza. E por que razão eu resolvi hoje enaltecer a sabedoria da Natureza, mãe primeira de todos nós?
Tudo começou quando a minha memória, tão louvada por quem me conheceu jovem, passou a dar sinais de que já não era mais a mesma, primeiro, sem saber onde havia deixado os óculos, cem seguida, com o nome de um ou de outro novo colega a escapar-me nos momentos menos propícios e, também, por muitos outros sinais. Título de filme e nome de atores, aí nem se fala – uma catástrofe! Tomei um susto quando não consegui recordar o nome da atriz que estava a minha frente na tela do televisor e que eu, há muitos anos, estava habituado a ver quase diariamente!
Pensei, pensei e cheguei à conclusão de que não era devido à queima de alguns poucos neurônios que eu esquecia os fatos do cotidiano, mas sim porque a memória, por conta própria e para me ajudar, resolvera ficar seletiva e decidira só guardar em suas inúmeras caixinhas o que realmente interessava e poderia ser útil (útil para mim, não para ela). Gesto altruísta como este eu nunca havia visto antes! Ela aceitou ser enxovalhada, chamada de velha, de mais disso e daquilo, só para proteger o seu parceiro de tantos anos, neste caso, eu. Para quê e por qual motivo devo lembrar do que não me interessa? Obrigado dona memória!
Por outro lado – e aí entra a sabedoria da Natureza acima referida -, fatos ocorridos em um passado de quatro, cinco décadas (ou até um pouquinho mais) ressurgem em minha mente como que saídos do nada e sem motivo aparente. Sem motivo aparente para mim, mas com todos os motivos do mundo para ela, amemória. Se me perguntarem agora o tom do azul da fantasia de pierrô que eu vestia aos dois ou três anos de idade, poderei até não o saber descrever, mas vizualizo aquele tom com uma clareza que chega aos mínimos detalhes. Parece que ainda escuto a minha mãe dizendo que se eu não tomasse a sopa, não me vestiria de pierrô e eu, por outro lado, na minha inocência, a chantageava e só tomava a sopa depois de assumir a "fantasia" de pierrô, com cone na cabeça e tudo o mais a que tinha direito.
E as idas ao Horto de Dois Irmãos? Acordo, às vezes, no meio da noite com as imagens dos passeios dominicais que o meu pai organizava sempre de última hora e que, quando não havia nada de melhor, terminavam sempre em Dois Irmãos. É engraçado, que eu não tenha notado há mais tempo o lado "biólogo" do papai, e só agora perceba que as idas a jardins zoológicos sempre o atraíram, no Recife ou em Lisboa,. Era por uma visita ao zoológico de Lisboa que ele sempre iniciava as suas temporadas em Portugal. Pois bem, quando acordo no meio da noite e recordo os passeios ao zoológico recifense, sou capaz de vivenciar cada trilha percorrida, cada animal visitado, e até de sentir o sabor do guaraná com sanduíche de queijo que lanchava no bar do açude (seria um açude ou um lago? Existe diferença entre ambos?), cheio de peixes-boi que ficavam à espera das migalhas de pão. Que época boa, na qual não se precisava ser tão politicamente correto assim e alimentar animais ainda não era uma incorreção política!
Lembro também, como se tivesse sido ontem, de acompanhar, ao fim da tarde o “Capitão Gaibú”, na rádio "Pr A 8" e, à noite, “Jerônimo, o Herói do Sertão”, este na rádio "Jornal do Commércio". Sei até que o ator radialista que interpretava Jerônimo se chamava Geraldo Liberal. E haja memória boa!
A condenação à morte de Chessman, o drama vivido pela princesa Soraya, a trágica morte de Aída Cury e as fotos de Ronaldo e de Cássio, que tanto me impressionaram, são fatos e imagens que a memória insiste em mostrar-me como se tivessem ocorrido ontem.
“Dizem que recordar é viver, mentira, deixem falar, recordar é ter de morrer por não poder mais voltar”.
Mas quem foi o Padre Hosana e que crime foi esse que ele cometeu e que serve de título à postagem?
Xi, esqueci! Não faz mal, quando eu lembrar, eu conto. Vou perguntar à dona memória. Podem aguardar, porque o crime deu muito o que falar...
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Que a Natureza é sábia todos sabemos e que a expressão é uma das campeãs do lugar comum, também sabemos. Mesmo assim, não resisto em começar a nossa conversa de hoje com a afirmativa de que “a Natureza é sábia”, para mim, de conteúdo tão sábio quanto o que ela afirma sobre a Natureza. E por que razão eu resolvi hoje enaltecer a sabedoria da Natureza, mãe primeira de todos nós?
Tudo começou quando a minha memória, tão louvada por quem me conheceu jovem, passou a dar sinais de que já não era mais a mesma, primeiro, sem saber onde havia deixado os óculos, cem seguida, com o nome de um ou de outro novo colega a escapar-me nos momentos menos propícios e, também, por muitos outros sinais. Título de filme e nome de atores, aí nem se fala – uma catástrofe! Tomei um susto quando não consegui recordar o nome da atriz que estava a minha frente na tela do televisor e que eu, há muitos anos, estava habituado a ver quase diariamente!
Pensei, pensei e cheguei à conclusão de que não era devido à queima de alguns poucos neurônios que eu esquecia os fatos do cotidiano, mas sim porque a memória, por conta própria e para me ajudar, resolvera ficar seletiva e decidira só guardar em suas inúmeras caixinhas o que realmente interessava e poderia ser útil (útil para mim, não para ela). Gesto altruísta como este eu nunca havia visto antes! Ela aceitou ser enxovalhada, chamada de velha, de mais disso e daquilo, só para proteger o seu parceiro de tantos anos, neste caso, eu. Para quê e por qual motivo devo lembrar do que não me interessa? Obrigado dona memória!
Por outro lado – e aí entra a sabedoria da Natureza acima referida -, fatos ocorridos em um passado de quatro, cinco décadas (ou até um pouquinho mais) ressurgem em minha mente como que saídos do nada e sem motivo aparente. Sem motivo aparente para mim, mas com todos os motivos do mundo para ela, amemória. Se me perguntarem agora o tom do azul da fantasia de pierrô que eu vestia aos dois ou três anos de idade, poderei até não o saber descrever, mas vizualizo aquele tom com uma clareza que chega aos mínimos detalhes. Parece que ainda escuto a minha mãe dizendo que se eu não tomasse a sopa, não me vestiria de pierrô e eu, por outro lado, na minha inocência, a chantageava e só tomava a sopa depois de assumir a "fantasia" de pierrô, com cone na cabeça e tudo o mais a que tinha direito.
E as idas ao Horto de Dois Irmãos? Acordo, às vezes, no meio da noite com as imagens dos passeios dominicais que o meu pai organizava sempre de última hora e que, quando não havia nada de melhor, terminavam sempre em Dois Irmãos. É engraçado, que eu não tenha notado há mais tempo o lado "biólogo" do papai, e só agora perceba que as idas a jardins zoológicos sempre o atraíram, no Recife ou em Lisboa,. Era por uma visita ao zoológico de Lisboa que ele sempre iniciava as suas temporadas em Portugal. Pois bem, quando acordo no meio da noite e recordo os passeios ao zoológico recifense, sou capaz de vivenciar cada trilha percorrida, cada animal visitado, e até de sentir o sabor do guaraná com sanduíche de queijo que lanchava no bar do açude (seria um açude ou um lago? Existe diferença entre ambos?), cheio de peixes-boi que ficavam à espera das migalhas de pão. Que época boa, na qual não se precisava ser tão politicamente correto assim e alimentar animais ainda não era uma incorreção política!
Lembro também, como se tivesse sido ontem, de acompanhar, ao fim da tarde o “Capitão Gaibú”, na rádio "Pr A 8" e, à noite, “Jerônimo, o Herói do Sertão”, este na rádio "Jornal do Commércio". Sei até que o ator radialista que interpretava Jerônimo se chamava Geraldo Liberal. E haja memória boa!
A condenação à morte de Chessman, o drama vivido pela princesa Soraya, a trágica morte de Aída Cury e as fotos de Ronaldo e de Cássio, que tanto me impressionaram, são fatos e imagens que a memória insiste em mostrar-me como se tivessem ocorrido ontem.
“Dizem que recordar é viver, mentira, deixem falar, recordar é ter de morrer por não poder mais voltar”.
Mas quem foi o Padre Hosana e que crime foi esse que ele cometeu e que serve de título à postagem?
Xi, esqueci! Não faz mal, quando eu lembrar, eu conto. Vou perguntar à dona memória. Podem aguardar, porque o crime deu muito o que falar...
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