sábado, 5 de janeiro de 2008

LEITURA RECENTE e ANIVERSÁRIO D'EL-REY

Quase tudo o que faço peca por uma relativa desatenção, pois não sou uma pessoa de observar os detalhes, de me ater às minúcias, mas sim de tentar captar as generalidades. O objeto de minha leitura não é diferente. Gosto de exercer uma leitura variada e, em geral, leio mais de um livro ao mesmo tempo, prática que faz com que eu leve mais tempo do que o previsto para concluir as leituras que começo. A vantagem dessa múltipla leitura é que adquiro informações diversas a um só tempo e a desvantagem é que corro o risco de confundir os temas. Até agora, porém, tenho conseguido manter essa pluralidade sem muitos dissabores.

Nesta época de festas natalinas que se encerra amanhã (6 de janeiro), ganhei
daquela minha amiga da flor da fruta-pão um livro excepcional, principalmente para um memorialista como eu: o “Almanaque dos Anos Setenta”, numa compilação feita por Ana Maria Bahiana. Conforme destacado no título, não é um livro para ser lido de um único fôlego, mas sim um almanaque para se degustar durante muito tempo, sempre que der vontade ou quando a saudade daquela época apertar forte. Estou deliciado com o presente recebido e com a sua leitura, que tenho feito de modo aleatório. Esta manhã, por exemplo, folheei as páginas correspondentes aos livros que faziam sucesso naquela época e destaco alguns comentários recolhidos pela autora que mostram o que se lia e o que acontecia com os livros no Brasil dos anos setenta:
“[...] No que se refere aos livros, é interessante notar que foi sobretudo a partir de 1975 que as restrições se tornaram mais rigorosas. [...] Percebia-se, então, uma mudança de tendência nos cortes, com mais livros censurados do que filmes. Dos 2.313 filmes submetidos `censura, apenas dez foram vetados à época. Enquanto isso, 49 livros eram proibidos. [...] As razões dessa mudança são fáceis de serem percebidas. Os gastos na importação de um filme, mais suas legendas em português e a feitura de cópias para distribuição, pressupõem um investimento muito maior do que a tradução e a tiragem de um livro – ou a simples importação de edições portuguesas. E como a censura se preocupava mais com os filmes, as próprias companhias de cinema acabavam fazendo um seleção prévia do que deveria ser importado. [...]” O Almanaque informa tudo sobre as revistas, os jornais, a imprensa alternativa, política, poesia, os quadrinhos e muito, muito mais que se lia na "década muito doida". A leitura de cada um dos textos e o descobrir da vasta iconografia prendem a atenção do leitor à cada página. Aos que agora me lêem e que viveram, intensamente ou não, os anos setenta, sugiro que adquiram o “Almanaque” ou, se tiverem uma amiga tão memorialista e tão interessada nas décadas douradas como eu tenho, esperem para ganhar de presente. Leitura obrigatória e sem pressa.



No finalzinho de 2007, concluí a leitura de “As Pequenas Memórias”, do incomparável José Saramago (meu autor de cabeceira), uma retrospectiva dos seus primeiros quinze anos de vida. O livro pode ser “consumido” em um dia, pois não é extenso e o autor prende-nos, como sempre, pela magistralidade da narrativa ímpar. Recomendo a leitura do livro aos apreciadores do único Prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa.

Dentro do gênero histórico (que é o meu favorito), li recentemente uma curta biografia de Dom Pedro II, de autoria de José Murilo de Carvalho, inserido na coleção Perfis Brasileiros. O livro é um bom aperitivo para quem quiser
aprofundar-se na personalidade, nos dramas pessoais e públicos, bem assim na época (1825-1891) vivida por aquele grande brasileiro e que foi um dos melhores Chefes de Estado do Brasil (ou mesmo, o melhor).

Também li a “Spectaculaire Histoires des Rois des Belges”, de Patrick Roegiers. Para alguém que, há mais de vinte anos, convive intensamente com a Bélgica, a leitura da história daquele país, através da vida pessoal dos seus Reis,
foi muito agradável e instrutiva e serviu para conhecer, pelo passado, os problemas presentes do país (infelizmente, não há tradução em português).

No início de 2008, resolvi mudar inteiramente de gênero de leitura e estou envolvido com a biografia de Carmem Miranda. “Carmem, uma biografia”, de Ruy Castro, já está contribuindo no retardar da hora de dormir. Ontem adquiri "A Audácia da Esperança", de Barack Obama. Por fim, para não perder o hábito de
múltipla leitura e para não deixar de lado o prazer de ler sobre História e sobre monarcas (ou monarquias), comecei a ler “Diários de um Rei Exilado”, de autoria do historiador argentino Alejandro Maciel. Daqui a algum tempo, comentarei estes três últimos.


















Para terminar, “O Lugar dos Souto” cumprimenta e brinda à Sua Majestade o Rei Juan Carlos I da Espanha pelos seus setenta anos e pelos trinta e dois de reinado democrático, moderno, constitucional e progressista. Longa vida ao Rei!

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