sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

ODE A UMA PARTIDA TRISTE

Muitos já afirmaram, entre eles o imperador romano Otávio Augusto, que o preço pago pela longevidade é o de ter de conviver com a perda das pessoas queridas... Ainda não posso ser considerado um homem longevo, mas o número de amigos e familiares que já partiram começa a ficar muito grande.

Não vou fazer uma lista de nomes e um sem número de epitáfios, pois esta não é a finalidade de "O Lugar do Souto", mas gostaria de celebrar aqui mais uma pessoa querida que nos deixou, Ajax de Albuquerque Maranhão Caio Pereira, o famoso “Biziu”, que encantou meio mundo na cidade do Recife lá pelas décadas de 1960 e 1970.

Ajax - ou Mano -, como era chamado pelos mais próximos, foi uma daquelas pessoas que valeu a pena ter conhecido e com quem foi muito bom ter convivido. Alegre, festeiro, agitador, contestador, inovador, singular, são adjetivos que dão uma ideia do seu caráter, mas nem de longe completam o todo (e o tudo) que Mano foi. O seu nome é nome de herói e, sem dúvida, que ele também o foi, diferente daquele da Antiguidade, mas nem por isso um herói menor.

Incompreendido? Claro que sim ... e muito, pois as pessoas que fogem às regras impostas pela sociedade sempre o são. Ajax, porém, mesmo fugindo às regras impostas, não foi menos valioso nas suas virtudes, menos honesto nas suas ações, menos caridoso nas relações que manteve, porque era BOM. Ao morrer hoje - com 56 anos feitos há duas semanas -, Mano deixa filhos e netos que não conheço, mas que a avaliar pelo pai e avô que tiveram são pessoas que devem ter no sangue a alegria, a contestação e a compreensão exata dos mistérios da vida que ele, certamente, soube transmitir.

Boa viagem, Ajax! Continue sendo a mesma pessoa que eu conheci há exatos 41 anos e faça muito barulho, muitas festas lá no céu onde você vai agora morar, sem esquecer de tocar aqueles “longplays” do Santana dos quais tanto gostava. Não sei se o Recife está hoje mais triste, talvez sim, talvez não, mas que eu estou muito triste, isso é certo. Um dia, Ajax, quem sabe você não me deixa participar de uma dessas futuras festinhas no céu?

2 comentários:

Anônimo disse...

a cada dia comprovamos que otávio augusto está mais do que certo. errado só o site do sport club que deu para o saudoso ajax 73 anos. como seria bom, meu grande álvaro, que ele tivesse tido a chance de viver mais outros intensos 17.
que faça das suas no céu, junto com tantos outros que já subiram.

Andrea Moura Caio Pereira disse...

Quantas e quantas vezes já chorei lendo este texto. Se quer conheço o autor!
Saudades do meu pai! Esse mes ele faria 59 anos... Não estarei na festa...