quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL


As comemorações do Natal são um dos maiores símbolos da nossa cultura cristã e da identidade dos nossos povos. Pouco importa se as comemorações decorrem no frio do hemisfério norte ou no calor do hemisfério sul, o que interessa é o espírito de congregação que une a todos.

Comemorar o natal é, para o cristianismo, comemorar a mensagem de Jesus de Nazaré, o Cristo teológico. Celebremos todos, portanto, a Sua Mensagem.

Feliz Natal neste ano de 2009 são os desejos do blogue Lugar do Souto.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"NOITE DE BLACK-TIE" OU "VOCÊ FAZ O SHOW"?



Como era bom o tempo de "antigamente"...!  O tempo em que viver era bem mais calmo, mais alegre, mais simples, portanto, mais feliz.

O tema de hoje nos remete para o mês de junho de 1960, quando a cidade do Recife viveu um dos seus grandes momentos devido à inauguração da primeira emissora de televisão local, um canal todinho nosso: a TV Jornal do Commércio, Canal 2. O progresso chegava aos lares pernambucanos dentro daquelas "caixinhas" mágicas.

Ainda que poucos meses antes a TV Rádio Clube - Canal 6 tivesse iniciado a sua programação em caráter experimental, o grande boom de 1960 foi, sem dúvida, a inauguração do Canal 2. Os leitores mais novos nunca conseguirão entender que um dos passeios favoritos de muitas famílias recifenses, após à inauguração dessa emissora, fosse ir à  esquecida Rua do Lima só para apreciar o moderníssimo prédio da TV Jornal do Commércio, parar à frente da porta principal e sentir o cheirinho gostoso de ar-condicionado que vinha de dentro do edifício. Mais modernismo não podia haver! Sem entrar em discussões técnicas, ou de qualquer outra ordem, o fato é que a "Jornal do Commércio" conquistou, de imediato, a preferência dos telespectadores, entre os quais a maioria ainda eram "televizinhos" (como se chamava naquele tempo a quem ainda não tinha um aparelho em casa).

No mesmo ano de 1960 foram, também, lançados dois programas de auditório que iriam preencher as noites dos fins-de-semanas de quase todos os pernambucanos. Aos sábados, "Noite de Black-tie" e aos domingos, "Você Faz o Show" eram transmitidos com grande sucesso e ambos ao vivo. Naquele tempo, as emissoras ainda não viviam a obsessão dos cruéis números do Ibope e os dois programas favoritos  do público eram exibidos em dias diferentes e pela mesma emissora. Mesmo assim, o recifense tinha as suas opções. Para alguns, "Noite de Black-tie", apresentado por Luís Geraldo e (se a memória não me falha) Violeta Botelho (seria Marilene Silva?) era de melhor qualidade, mais elitista nos seus quadros, com músicas mais seletas. Já para outros, "Você Faz o Show", comandado por Fernando Castelão (assessorado durante bastante tempo por Floriza Rossi) era o melhor dos dois programas. Os dois tiveram a virtude de agregarem o gosto dos pernambucanos por programas que não eram importados de outras regiões do país.

Não bastava, porém, reunir a família e os vizinhos que ainda não tinham televisor, sentar em silêncio e às escuras à frente da tv e apreciar os programas, era essencial, ao menos uma vez, ter ido ao auditório da Rua do Lima, de traje social completo, acompanhar e participar de um deles. Ainda lembro de quando fui pela primeira vez ao auditório do Canal 2 assistir ao "Noite de Black-tie". O alvoroço começou na segunda-feira que antecedia ao programa, quando eu e uma amiga, nossa vizinha, enfrentamos uma fila de quase duas horas para comprar as "entradas". O grupo para a "aventura" do sábado era de quase dez pessoas e, durante a semana, não se falou noutra coisa a não ser na programação que iríamos assistir. Quem iria ganhar o concurso de twist? Quais seriam os sucessos que Nel blue e Marcos Aguiar (o famoso Paco) iriam cantar? Quem (ou quais)  seriam as "surpresas" que viriam do Sul? Todos esses questionamentos eram assuntos exclusivos de nossas conversas. Bons tempos, em que não tínhamos outras preocupações.

Chegou o dia tão ansiado e partimos em comitiva com o coração saltando para fora do peito, tanta era a emoção. Passaram-se já muitos anos, muitas emoções foram também passadas, a televisão evoluiu, o mundo evoluiu e a saudade daquela época chegou. Não me classifico como um homem nostálgico mas, sem dúvida, sou saudosista, ainda que conformado. Estar no ano de 2009, acompanhar o mundo atual, viver sempre em contato com a evolução tecnológica não significa esquecer dos momentos bons do passado, da simplicidade da vida no meu querido Recife, da tranquilidade de poder tirar uma soneca à sombra de uma árvore do fruta-pão, de ir à Rua do Lima sem medo de ser assaltado no caminho. Confesso que sinto muita saudade, mas estou conformado.

E a pergunta fica no ar: Qual o melhor programa, "Noite de Black-tie" ou "Você faz o Show"?

sábado, 28 de novembro de 2009

QUEM LEMBRA DE LUZ MARINA?



Um dia desses, aqui mesmo em Brasília, quando eu estava sentado na minha poltrona favorita, meio dormindo, meio acordado, imagens de um tempo distante vieram-me tão vivas à memória que, até agora, não sei se sonhei ou se, de olhos abertos, recordei uma época que me foi cara. Uma lágrima furtiva que, discretamente, tive de enxugar me faz pensar que não foi sonho, mas sim a saudade que, naquela hora crepuscular, bateu no meu coração. Lembrei do tempo em que eu era criança e feliz, mesmo sem saber, porque as criança são felizes não o sabendo que são. 


Para mim, àquela época, o mundo  e a felicidade estavam resumidos à casa dos meus pais ("minha casa", porque toda criança é egoísta, também sem o saber)  e ao Recife ("minha cidade" e a de mais ninguém).  As lembranças que assomaram ao meu pensamento conseguiram transportar-me da poltrona em que estava para o  ano em que morreu um papa e escolheram outro, este, contrariamente ao predecessor, de rosto largo, olhar curioso, sorriso aberto e que, meio século depois, já ocupa os altares, como Bem-Aventurado.  

Fui transportado para o ano em que o Sport  ganhou o campeonato pernambucano de futebol, em que Hermeto Pascoal deixou o Recife e foi para o Rio de Janeiro e em que Hermilo Borba Filho fundou o Teatro Popular do Nordeste, o famoso TPN que, anos mais tarde, acolheu tantas paixões e seduções. As minhas lembranças voaram para 1958, ano do nascimento de Gil Vicente, que se tornou pintor e famoso e da inauguração do Aeroporto dos Guararapes, que passou a substituir o passeio que sempre fazíamos, aos domingos, ao cais do porto. 



Em 1958 os adolescentes  flertavam nos "Encontros de Brotos", tão ansiados por mim (só mais tarde é que os comecei frequentando) e Sônia Maria Campos foi eleita Miss Pernambuco. Nas minhas lembranças, senti na face a mesma brisa morna que nos afagava nas noites passadas no Clube Português, enquanto assistíamos à equipe de hóquei da casa  ganhar a quase todos os jogos, graças à destreza nos patins e nos tacos de Eninho, Breno, Bonga e Amílcar, este último, orgulhosamente, meu irmão.  Mas o que é que todas essas lembranças do ano de 1958 têm a ver com o título desta postagem? 

Quem lembra de Luz Marina? Será, apenas, uma cor de batom? 
Não sei se alguém lembra de Luz Marina, mas eu lembro e muito. Lembro tanto que fui transportado para o ano de 1958, quando ela, que hoje é uma sóbria e pacata senhora de 71 anos de idade, foi eleita Miss Universo. Luz  Marina Zuluaga foi selo na sua Colômbia natal, foi famosa, linda e, anos mais tarde, foi até mãe de uma misse com pouca sorte no concurso. Hoje, porém,  poucos, muito poucos, lembram desse nome, nem mesmo como cor de batom. Poucas, também, são as pessoas que recordam do ano de 1958, mais um no ciclo da vida e na contagem gregoriana. Efêmero tempo, efêmeras pessoas.


Ainda que ninguém mais lembre de Luz Marina, aposto que Adalgisa Colombo ainda lembra, e com uma pitada de mágoa, até hoje. Mas quem foi Adalgisa Colombo? Bom, assim é demais, deixemos a resposta para outra ocasião!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CET APRÈS-MIDI, À BRUXELLES, MALGRÉ LE BEAU TEMPS, UNE VISITE AU MUSÉE MAGRITTE S'IMPOSAIT!

Em todo os lugares por onde passo, percebe-se que alguma coisa está mudando no clima. Chove muito, onde não chovia, faz calor demasiado nos lugares de clima temperado, frio em terras quentes, e por aí vai. Em Bruxelas, não é diferente. Hoje, 19 de Novembro, está um dia lindíssimo e as folhas ainda não começaram a cair das árvores. Tempo estranho para esta época do ano e, nesta cidade com tantos parques agradáveis, um dia assim é uma tentação para belos passeios ao ar livre. Esta postagem, entretanto,  não pretende discorrer sobre ecologia, nem sobre as trágicas mudanças climatéricas, nem, também, sobre os parques de Bruxelas, mas sim sobre a agitada vida cultural da capital da Bélgica e da União Europeia. 
 
Como quase sempre, estou aqui em missão oficial, portanto, com muito trabalho, o que torna um "tormento", abrir os cadernos de cultura dos jornais locais e  deparar, por exemplo, com um concerto da mezzo-soprano Cecília Bartoli com todos os ingressos esgotados e, ainda, com inúmeros espetáculos e exibições no âmbito da Europalia China.  Museus com peças raras chinesas, apresentações da ópera de Pequim e uma infinidade de outras atividades, ligadas à milenar arte chinesa. Como ir a a um deles, ao menos, se a entrada é feita com hora marcada e com a compra ocorrida dias antes daquele da visita? É, de fato, uma tortura sem ter como dela escapar. Não deu para ir à Europalia, ao menos desta vez.
Decidi, então, que iria visitar o novo Musée Magritte Museum (com a palavra "museu" em francês e em neerlandês, como se escreve tudo em Bruxelas)*. O museu foi aberto ao público em Junho deste ano. Magritte é belga, natural da província do Hainaut, na Valônia, mas passou quase toda a sua vida em Bruxelas, onde morreu. Desde os primeiros encontros com os surrealistas belgas, passando depois ao contacto com os surrealistas franceses, a obra de Magritte revolucionou a pintura de um largo período da primeira metade do século XX.


O novo museu, situado na Place Royale, ocupa um edifício com 2.500 m2, pertencente aos "Musées royaux des Beaux-Arts de Belgique" e possui um acervo de mais de 200 obras do artista, óleos sobre tela, guaches, desenhos, esculturas, objetos pintados, partituras musicais, fotos e filmes dirigidos por René Magritte, para o deleite dos apaixonados por arte e, principalmente, pelo trabalho do mestre belga. Passei toda a tarde de hoje, e teria passado muito mais tempo, admirando os céus enevoados, as maravilhosas pombas, as figuras e os objetos resultado duma criação surrealista na sua verdadeira acepção, como só ele foi capaz de produzir.


Mas o Musée Magritte Museum não é o unico local em Bruxelas dedicado ao artista, existe outro museu, pequeno, sem grandes pretensões, com um encanto que há muitos anos me seduz. Refiro-me à casa de Magritte, na Rua Esseghem, onde podemos apreciar com com calma outras obras que ele nos deixou, expostas num dos seus últimos endereços na cidade. A não perder, igualmente.  A magia de Magritte, a sutileza dos seus quadros são um eterno deleite para quem visita Bruxelas. Difícil não gostar muito de estar aqui .
_____________________________
*Todas as fotos das pinturas de Magritte estão disponíveis na Internet.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

DO CORDEL E DOS CORDELEIROS


Postagem nº 100 deste "Lugar do Souto".

Para celebrar
a centésima crônica (ou arremedo disso), levando em conta que o dia 19 de Novembro é o dia do cordeleiro, resolvi antecipar-me à data e discorrer sobre uma forma popular de literatura que sempre me atraiu e que está intimamente ligada à minha vivência no Recife, cidade onde nasci.

A literatura de cordel, ou apenas, o cordel, é um gênero literário popular com raízes nacionais no Nordeste brasileiro, mas que tem, em pequena
proporção, se estendido a outras regiões. As origens do cordel são incertas, muito provavelmente remontando à Idade Média provençal ou até mesmo mais distante no passado, à Antiguidade Clássica da Europa mediterrânea. O que é considerado como real é que foram os portugueses que trouxeram para Brasil o gosto por cantar em forma rimada (muitas vezes, ao desafio), narrando em tom jocoso e com forte crítica social certos fatos que tenham sido marcantes na comunidade de quem os cantava. Os panfletos eram colocados em cordeis e vendidos nas feiras, daí a propagação da expressão "literatura de cordel".

Sempre tive espírito de colecionador e, quando j
ovem, comecei adquirindo folhetos de cordel cujos títulos me chamavam a atenção. De início, mantive-os abertos e pendurados em um cordel mas, com o aumento dos livretos, transferi a coleção para algumas caixas de sapato que, ao meu ver, continuam sendo o melhor "esconderijo" para se guardar preciosidades. Na época da coleção, os que mais me interessavam eram os de aparência tosca e demonstrando simplicidade, quer nas gravuras, quer na qualidade do papel (eu tinha por hábito só adquirir os de pior qualidade), impressos tal como haviam sido escritos, com o português incorreto e descuidado. O cordel foi criado para ser cantado, não para ser lido, portanto, esqueçamos o bom vernáculo se queremos um bom cordel. Perdi a vontade de colecionar folhetos de cordel e eles foram relegados ao esquecimento.

Em Maio deste ano, quando postei uma crônica sobre o mesmo tema ("Cordel do Maquilador Milagreiro"), disse aos leitores que quando não tenho muito o que fazer procuro as preciosas caixas de sapato e tiro, ao acaso, um folheto para ler. Hoje, em um momento de preguiça literária, busquei um "folhetinho" bem antigo, quase destruído pelo tempo e, por incrível que pareça, sem identificação do autor, portanto "de autor desconhecido". A rima é da pior qualidade, a métrica não existe no poema e o nosso idioma está grafado tal qual o autor devia cantar nas feiras do interior de Pernambuco. Tentei lembrar onde e quando comprara o folheto de sugestivo título, mas não lembrei. Acho, mas não estou certo, que foi na cidade de Sertânia, na qual o meu pai tinha uma fazenda (Maxixe), que visitei nos idos da década de 1960. Seja como for, transcrevo apenas os primeiros versos, porque os demais são muito "picantes" para que sejam publicados neste blogue. As imagens que ilustram o texto não são do cordel publicado e foram retiradas da Internet.


Peço aos mestres linguistas que perdoem as absurdas incorreções gramaticais (concordância, regência, sintaxe, grafia e muito mais) do desconhecido autor, mas foi esse primitivismo que me atraiu, além, é claro, do tema da traição e do sofrimento dos personagens título. A quem tiver paciência de ler estes antigos e populares versos, peço que tentem imaginar o tema sendo cantado numa época distante nas noites mornas e de luar do sertão pernambucano.

"A triste história de Zefinha, Sevé e o bombeiro Mené *


Quando Zefinha os cinquenta festejô
Era solteira, muito falada e cheia de calô.

Nesse dia de festa, uma amiga da vida a Sevé lhe apresentô.
Sabida como ela só, ao fagueiro rapaz a Zefa logo encantô.
Sevé era puro, inocente e bonito, ademais, namoradô.
A pureza era tanta que na virgindade da
noiva ele sempre acreditô.
E com Zefinha, um mês depois, Sevé cum grande festa casô.



Mais de dez anos se passô
E
muito amô entre os dois rolô.
O puro Sevé de tudo tentô,
Pr'á de Zef
a tirá o fogo desoladô.
Mas Zefinha nasc
eu torta e com muitos outros ela sempre errô,
E Sevé, coitado, até de casa mudô,

Mas o fogo da Zefa nunca apagô.

O bom rapaz, cansado de tanto calô,

Resolveu na rua muié mió procurá.
Zefinha endoidô, pois depois que a idade chegô,
Home como Sevé ela num vai mais encontrá.
Sem sabê o que fazê, gemendo de tanta dô,
Até um mac
umbeiro a Zefinha procurô.
E, milagre do milagreiro, com ela de novo o bom Sevé deitô.

Mas o capeta, que às muiés pecadoras num cessa de atentá,
Na casa da vizinho um grande fogo pegô,
Só pr'á cu
m isso de novo o pecado pr'á Zefa mostrá.
No meio da correria, muita água rolô,
Pr'os bom
beiros valentes o grande fogo apagá.
Excitada que nem mariposa, Zefinha corria fingindo querê ajudá.
Abre torneira, pega balde, um corajoso bombeiro o belo colo dela muiô,
E, braba como ela só, a véia raivosa logo a gritá começô.
Pelos gritos e pelo fogo, o bombeiro Mené logo viu da Zefa se tratá.

Amô velho nunca foi de se esquecê,
E Mené foi chamado pr'um café mais ela tomá.
Café puxa conversa e o bombeiro Mené à véia voltô a encantá.
No meio do encantamento,
Quando Mené o fogo tentava
abaixá,
Em casa
chegô Sevé e, cego com a traição,
De Zefinha tudo quebrô.

E até Mené apanhô.

A história ainda é longa e o drama de Zefa num acabô,
Pois pr'á zona ela voltô e o bombeiro Mené na casa dela ficô.
A casa que foi de Zefinha hoje é hospedaria,

E o garboso Sevé, mais o fogoso Mené, lá recebe as Marias,
Que, no desespero, o grande fogo querem apagá.

A Zefinha de tudo tentô, pr'á com um dois reatá,
Mas de nada adiantô,

Já que o formoso Sevé e o bombeiro Mené
Cum ela num querem mais nada,
Nem mesmo o grande fogo apagá.

..........................................................."

__________

*Texto de ficção e sem direitos autorais. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais é mera coincidência.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ESPERADA MARCIANITA


Nunca fui um bom cantor, antes pelo contrário, já que as "virtudes" musicais não fazem parte dos meus dotes artísticos (se é que eu os tenho). Apesar disso, segundo relato dos meus familiares mais velhos, desde que comecei a balbuciar as primeiras palavras, eu comecei a cantar... e muito... Reza a lenda, que eu ainda mal falava e já gorjeava uma canção de sucesso chamada "Chinês Patchouli", ou algo parecido (ao menos, era esse nome que eu cantava). Com o passar do tempo, tornei-me um incontrolável cantor de chuveiro. E daí? A quem isso pode interessar? Acho que a ninguém, só a mim e às minhas memórias. O tempo, porém, continuou sua marcha inexorável e, com a chegada do Outono da vida, não consigo decorar as letras das canções modernas mas, para o meu deleite, comecei relembrando das letras que havia decorado na infância ou na adolescência. Quero deixar bem claro que não estou relatando o aparecimento de nenhuma doença senil, mas sim descrevendo a falta de interesse que tenho pela maioria das canções que atualmente fazem sucesso.


Por falar em esquecimento, antes de continuar esta postagem gostaria de fazer um parêntese no tema e, de público, penitenciar-me por um dos mais trágicos lapsus mentii dos últimos anos. Esqueci, no passado dia 25, o aniversário do querido amigo Fernando Augusto. Perdão, Fernando, mas foi graças à marcianita, título desta postagem e tão esperada por nós, que lembrei a data do seu natalício:25 de Outubro e não 28, como eu achava. PARABÉNS atrasados.
Voltando às músicas antigas e ao cantar no chuveiro. Esta manhã, para minha surpresa, comecei, durante o banho, cantarolando uma canção que fez grande sucesso há cerca de cinquenta anos e que, acho eu, não tem nenhum predicado, nem como letra, nem como música: "Esperada Marcianita". Ressalte-se, porém, que mesmo sem ser nenhum primor de peça musical, ela já foi gravada por alguns dos ícones do nosso cancioneiro mais recente. De minha parte, eu devia ter 12 ou 13 anos quando, rapidamente, aprendi a letra de Sérgio Murilo (creio que a letra é dele), talvez pelo fato de que tudo relacionado com o "espaço sideral", com outros mundos, com o desconhecido, fosse alvo das minhas fantasias juvenis. Quando eu cantava em alta voz que "os homens de ciência me asseguravam que em dez anos mais eu e a fictícia marcianita estaríamos bem juntinhos nos cantos escuros do céu falando de amor", o que os meus sonhos de pré-adolescente imaginavam era que eu poderia sair da terra, que fugiria de um mundo futuro (que eu já previa não iria me agradar), que iria para um espaço desconhecido e que lá encontraria um amor de folhetim, fosse esse amor de Marte, de Vênus ou de outro lugar qualquer. Talvez, já naquele tempo, na Terra eu fosse logrado e em matéria de amor eu sempre fosse passado para trás...




Surpreendente, também, é o fato de a letra de "Esperada Marcianita" ser politicamente correta numa época em que essa correção não era exigida do comportamento social, pois o objeto do amor (no caso, a filha de Marte) poderia ser branca, negra, gorduchinha, magrinha, baixinha ou gigante que, mesmo assim, seria muito amada. Lembro de que, mais ou menos no mesmo tempo do sucesso dessa canção (1959 - 1960), outra música fez grande sucesso no carnaval do Recife, mesmo tendo uma letra tão incorreta politicamente que prefiro nem lembrar. Deletei.


Quantas e quantas noites, eu e o Fernando Augusto ficamos na janela dos nossos quartos (ele, no Espinheiro e eu, nas Graças) olhando aquela "estrela" avermelhada, que nem estrela é, suspirando por um broto de Marte, no meu caso, que não se pintasse, não fumasse, nem sequer soubesse o que era rock n' roll, pois sempre fui conservador, no dele, porém, o brotinho poderia fazer tudo isso, ter tatuagens e até usar piercing, visto que, desde a infância, o meu amigo espinheirense sempre foi "moderninho". Chegou o ano 1970, e a marcianita não veio. Deixa pr'á lá, 2070 não está tão longe assim e aí, quem sabe, o esperado brotinho de Marte, montado no rabo de um cometa, finalmente chegue para nós e, então, possamos ser felizes para sempre.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SUA ALTEZA IMPERIAL E REAL DOM LUIZ DE ORLÉANS E BRAGANÇA - CHEFE DA CASA IMPERIAL DO BRASIL




No intuito de tornar as figuras ilustres do nosso país conhecidas do maior número possível de leitores, o blogue "Lugar do Souto" transcreve, a seguir - com o devido respeito por sua Augusta Pessoa -, a biografia daquele que é, desde 1981, o Chefe da Casa Imperial do Brasil, S.A.I.R. Dom Luiz de Orléans e Bragança.


Quando se fala em monarquia no Brasil, há uma tendência em pensar numa forma de governo estranha ao continente americano. A monarquia, porém, já existe no nosso continente, visto ser esse o regime político do Canadá. No Caribe, inúmeras são as nações que adotam a Monarquia Constitucional como regime. Restaurar, portanto, o regime monarquista no Brasil seria unir na mesma forma de governo os dois gigantes do continente, um ao norte e o outro, ao sul. Na Europa, a monarquia é a forma constitucional de países como a Espanha, Mônaco, Reino Unido (Inglaterra, Escócia e País de Gales), Bélgica, Luxemburgo, Liechtenstein, Holanda, Dinamarca, Suécia e Noruega. Na Ásia, citamos, apenas, o Japão e a Tailândia, sem esquecer, porém, a Austrália e a Nova Zelândia, e, na África, alguns países adotam a monarquia como o seu regime. Não seria, portanto, nenhuma surpresa ou novidade pensarmos em um Brasil monarquista (ou monárquico).


Todos sabemos que a História não é feita de hipóteses nem de condições, o "se", portanto, não faz História. Consciente do afirmado, gostaria, entretanto, de indicar que se o golpe republicano não tivesse ido à frente e se as circunstâncias dinásticas tivessem sido as mesmas, o Brasil teria tido, desde a independência até hoje, apenas, cinco Chefes de Estado: Dom Pedro I, Dom Pedro II, Dona Isabel I, Dom Pedro III e, atualmente, Dom Luiz I. Por outro lado, lanço aos leitores a seguinte pergunta: "Quem consegue dizer, sem muito pensar, o nome de todos os presidentes da vigente república?"


Não se pode negar que nos últimos cento e vinte anos muitos ilustres brasileiros tiveram destaque em nossa história, alguns até como presidentes republicanos, mas a continuidade da monarquia não os teria tolhido em sua carreira e, sem dúvida, eles e elas ter-se-iam destacado da mesma maneira, provavelmente, chefiando vários dos nossos governos constitucionais. Tal como ocorreu na república, também na monarquia muitos teriam sido os governos legitima e democraticamente eleitos pelo povo, mas permaneceria a incólume pessoa do monarca simbolizando a Nação brasileira. O monarca, desde o nascimento preparado para exercer as suas funções, estaria livre de muitos dissabores que atingiram alguns presidentes da história do Brasil. Todos os brasileiros, indígenas, afrodescendentes, de origem europeia ou asiática seriam representados pelo monarca, que simbolizaria a todos e a cada um, e não apenas a uma parte da Nação.


Dom Luiz Gastão de Orleans e Bragança é hoje a alma viva da Nação brasileira, correndo em suas veias o mesmo sangue que corria nas veias dos nossos primeiros Imperadores - Dom Pedro I e Dona Leopoldina -, e dos seus descendentes diretos, que marcaram de modo tão benéfico e heróico a História brasileira nos primórdios da nacionalidade. Todo o cidadão brasileiro tem a obrigação de respeitar a Família que, por seus atos de amor à Pátria no passado e pela marcada presença na sociedade atual, é a melhor imagem da identidade do nosso querido Brasil.




A fidelidade da família do autor deste blogue à Família do Senhor Dom Luiz remonta, com comprovação documental, há cerca de cento e oitenta anos, quando o meu tetravô, Capitão Antonino Severo de Abreu e Vasconcellos, natural do Lugar do Souto, Lanhoso, Portugal, defendeu em armas - sendo por isso alvo de várias prisões políticas - os ideais do Rei Dom Pedro IV de Portugal, Imperador Dom Pedro I do Brasil, Tetravô do Chefe da Casa Imperial do Brasil, cuja biografia transcrevemos nesta postagem. É, pois, como súdito fiel, que discorro sobre tão Distinto e Augusto Senhor.






"Dom Luiz Gastão de Orléans e Bragança é filho do Príncipe Dom Pedro Henrique de Orléans e Bragança
(1909-1981), admirável figura de brasileiro, chefe de família exemplar e, entre 1922 e 1981, de Jure, Dom Pedro III; neto de Dom Luiz de Orléans e Bragança (1878-1921), bisneto da Princesa Isabel (de Jure, Dona Isabel I, de 1891 a 1922), trineto de Dom Pedro II, tetraneto de Dom Pedro I, remontando a sua ascendência a Dom Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, a Hugo Capeto, que ascendeu ao trono da França há mais de mil anos e a muitos outros Reis e Imperadores, que todos conhecem dos estudos históricos. Descende, ainda, de São Nuno de Santa Maria (o Santo Condestável), de São Luiz, Rei da França e de outros Santos da Igreja Católica.
Dom Luiz nasceu em Mandelieu, na França, em 6 de junho de 1938, tendo sido registrado como cidadão brasileiro no Consulado Geral do Brasil em Paris. Ao terminar a Segunda Guerra Mundial (1945), veio para o Brasil em companhia dos pais e irmãos já nascidos, fixando residência no Paraná e, em seguida, no Rio de Janeiro, onde realizou os estudos secundários. Aperfeiçoou o idioma francês em estudos pré-universitários na cidade de Paris e concluiu a Faculdade de Química em Munique, Alemanha. Em 1967 voltou ao Brasil, com residência em São Paulo, onde mora com o irmão, Dom Bertrand, Príncipe Imperial do Brasil*.


Dom Luiz fala fluentemente, além do português, o francês e o alemão, tem bons conhecimentos do castelhano, inglês e italiano e é detentor de uma sólida cultura, especialmente nos assuntos históricos e sociológicos. O Chefe da Casa Imperial do Brasil é um homem atualizado com os problemas nacionais e internacionais, estando cotidianamente informado, como compete a quem tem por direito tão alto cargo, das questões políticas do nosso país e do estrangeiro. Seguindo, porém, o exemplo do seu Augusto Pai, Dom Luiz não interfere nos debates de interesses e paixões das grandes forças que dominam, nos dias atuais, a cena político-partidária do Brasil. Dom Luiz mantém atualizada e profícua correspondência com todos os que a Ele se dirigem, discutindo e opinando sobre os mais diversos assuntos. É Grão-Mestre da Ordem da Rosa e da Ordem Dom Pedro I. Detém, ainda, a Grã-Cruz da Ordem Constantiniana de São Jorge, da Casa Real Bourbon-Sicílias.".
_____________________________
"Príncipe Imperial" é o título do herdeiro ao Trono Imperial do Brasil.

sábado, 10 de outubro de 2009

EM AMSTERDAM, VISITAR O HERMITAGE E FAZER MUITO MAIS



Visitar Amesterdã (na correta grafia brasileira) ou Amesterdão (na forma lusitana) é sempre um prazer inusitado e a certeza de conviver com o inesperado. Antes de continuar este texto, gostaria de salientar que prefiro usar a grafia do nome da cidade em neerlandês (Amsterdam), pois não me parece que as duas formas (brasileira e portuguesa) combinem muito com o espírito da exótica urbe.

É incrível como uma cidade não muito grande em termos populacionais (menos de 800.000 habitantes na área central e adjacências) consegue surpreender pela convivência pacífica entre o muito tradicional e o extremamente liberal.
A origem do nome "Amsterdam" está no latim, ao que parece, na frase "Homines menentes apud Amestelledamme", que traduzindo significa "Homens que vivem próximo ao Amestelladamme." "Amestelledamme" significa dam (dique) do rio Amstel. Por seu lado, o nome "Amstel" é a junção de "ame" ("água") e "stelle" ("terra seca"). Muita complicação para uma cidade tão linda! O rio Amstel atravessa a cidade e é cortado por quatro grandes canais, os quais são cruzados por uma infinidade de canais menores. O rio e todos os canais, à beira do mar do Norte, fazem da cidade um cenário de sonho, ainda que bastante úmido. É pelo Amstel e pelos canais que circulam os turistas e os quase dois milhões de pessoas que constituem a grande Amsterdam.

A data considerada como a da fundação da cidade é 27 de ou
tubro de 1275, mas apenas em 1300 é que lhe foi concedido o direito oficial de cidade, tendo o seu florescimento se dado no decorrer do século XIV. No século XVII, Amsterdam era a cidade mais rica do mundo e, já àquela altura, uma das mais liberais. Se ela já era liberal há mais de trezentos anos, imaginem o que ela é em pleno século XXI...No domingo 27 de setembro voltei à capital holandesa e, como sempre, uni lazer e cultura, daquele jeito que só Amsterdam consegue unir.

O dia que
dediquei a Amsterdam em setembro passado foi curto para tudo o que eu pretendia rever, mas, mesmo assim, fiz muita coisa. Comecei indo à Missa na Igreja de São Pedro e São Paulo, um ambiente de tranquilidade em pleno coração da agitada Kalverstraat, em seguida, fui ao mercado das flores da Singel (rua às margens do Singelgracht) e depois almocei em um acolhedor restaurante do Keisersgracht. Antes de enfrentar a enorme fila para entrada no Hermitage, tomei uma cerveja na Rembrandtsplein e, após visitar o museu, fui namorar (se não de fato, ao menos em desejo) nas cercanias do Distrito da Luz Vermelha.

Hermitage em Amsterdam? Sim, é ele mesmo ou, ao menos, uma "sucursal" do original, que o governo da Rússia c
edeu ao povo holandês e que agora é o seu xodó. O museu, que fica em um maravilhoso edifício do século XVII, foi inaugurado em junho deste ano pelo presidente russo e por S.M. a Rainha Beatrix-Wilhelmina. Como é natural, o acervo em muito fica a dever ao do Hermitage de São Petersburgo, mas as exposições itinerantes e a beleza do próprio edifício tornam a visita obrigatória a quem for à cidade.

O domingo passado em Amsterdam foi enriquecedor e
cheio de saudosas lembranças de amigos muito queridos que lá moraram ou que lá já estiveram comigo. A partida desses amigos para uma dimensão superior fez com que eu rejeitasse voltar à cidade durante alguns anos. Mateus, Jan, Dirk, Adriano, Zé Mário, já não estão fisicamente entre nós, mas o espírito de cada um deles continua vivo, não só em nossos corações, mas também na alegria das ruas de Amsterdam, nas flores do mercado da Singel, no cheiro a batata frita, na água que corre por seus canais. Ir hoje a Amsterdam, além das tradicionais visitas aos museus já conhecidos e ao novo Hermitage, passou a ser para mim um rosário de penas que vou desfiando e que me faz mais nostálgico do que normalmente sou. Amsterdam, porém, continua viva e linda e a vida é para ser vivida e cantada, seja "Sous les ponts d'Amsterdam" (na voz de Brel), seja nas praças, nos bares, nas ruas. Amsterdam é hoje, também, o Hermitage, mas é mais do que ele, muito mais. É vida, é alegria, é amor, é passado, é presente e será futuro!


É até mesmo ver uma Olinda que não mais existe!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

YES, YOU DID IT AGAIN, PRESIDENT OBAMA

Que a PAZ seja conseguida com algo mais do que um amplo sorriso!


Esta manhã, o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, voltou a marcar a sua presença na história da humanidade. O arrojado jovem político foi galardoado com o prêmio Nobel da Paz.
Deixando de lado apoios ou discordância, todos devem concordar que Barack Obama é algo de novo e inusitado na política norte-americana, trazendo, em consequência, esperanças de um porvir melhor para o mundo. O Presidente dos Estados-Unidos tem em suas mãos a possibilidade de levar a humanidade para novos conflitos ou a de pacificar os ânimos e conter os interesses internos e externos ao seu país. Com o prêmio Nobel da Paz, ou mesmo sem ele, esperemos que seja o caminho da paz que marque o seu governo.



O blogue Lugar do Souto une-se a todos que se empenham na árdua batalha da PAZ.

PARABÉNS PRESIDENTE OBAMA.