quarta-feira, 24 de outubro de 2007

QUEBRA DE ENCANTO ?




Hoje, em Montevidéu, tão longe das frutas-pão do meu imaginário, cheguei a pensar que um encanto havia sido quebrado.

E por que?

Porque uma grande amiga das antigas, do meu passado no Recife - daqueles tempos da mini-saia, das perucas sintéticas, das festas de Katia Mezel, dos bares "Balcão", "Zeppelin" e, bem mais tarde, do famoso "Livro 7", resolveu mandar a foto lindíssima de uma árvore do fruta-pão existente em um país também lindo, constituído por várias ilhas, chamado Cabo Verde. Nada contra Cabo Verde, antes pelo contrário, mas que susto e que decepção para mim, que pensava que só no Recife teria árvores do fruta-pão!



Então, me perguntei: "Será que para não quebrar o meu encanto terei, de hoje em diante, de evitar Cabo Verde, de nunca pensar em lá ir, de fechar os olhos quando sobrevoar o arquipélago?

Pensei, pensei e decidi que não vou quebrar o encanto. - "Em Cabo Verde, nem em nenhum outro lugar do mundo, tem a árvore do fruta-pão. Só no Recife das minhas lembranças tem árvores do fruta-pão".

Decidi, ainda, que, definitivamente, eu não quero quebrar o encanto de associar apenas ao Recife das noites mornas a última visão que terei das folhas da fruta-pão. Não quero, também, deixar de sonhar que só no Recife do meu imaginário podem nascer e frutificar árvores do fruta-pão e, além disso, quero continuar sonhando que o privilégio de ver a fruta-pão e comer o fruta-pão em substituição ao pão só é dado a quem for do Recife.
Não deixarei que se quebre, igualmente, o encanto do Recife dos oitizeiros, do Recife de uma rua que é "do Cupim" - e eu até sei porque ela é dele - e de outra rua, que é de um tal "Gomes Pacheco" - que eu confesso não saber quem é ou foi. Não quero que se quebre o encanto do Recife que já foi de tantas festas, minhas e da amiga que mandou a foto, nem do Recife onde nos era permitido ter sonhos e amores ocultos à sombra da fruta-pão. Não, não deixarei, repito, quebrar o meu encanto tirando a fruta-pão do Recife, tal como nunca permitirei que quebrem aquele maravilhoso tempo encantado em que a minha amiga e eu saíamos juntos no Recife da fruta-pão, no Recife do Poço da Panela, no Recife da "Boate Libra's", no Recife dos nossos sonhos, que, até hoje, permanecem juvenis. Enfim, não quero que desapareça o Recife dos nossos encantos... Não quero que os meus sonhos desapareçam.



Está decidido, só no Recife tem a árvore do fruta-pão - Tenho dito!


E por falar nisso, quem sabe como é a flor da fruta-pão?
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P.S. Deixemos para outra ocasião os comentários sobre o masculino do fruto, o feminino da árvore e o hífen entre a fruta e o pão...

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