Nestes últimos trinta dias, três grandes artistas silenciaram para sempre, deixando viva, apenas, a arte de cada um deles.
Um deles, o mímico (mimo, para os portugueses) Marcel Marceau, fazia do silêncio dos gestos uma arte maior, transformava em suavidade os movimentos elásticos do corpo, em leveza, o peso do silêncio. Agora, até o silêncio silenciou...
O tenor Luciano Pavarotti não mais será visto nos palcos com a mímica de seu grande corpo aliada aos graves e agudos da voz, nem com a extensão tão bem por ele conseguida. O silêncio da voz.
Por fim, Paulo Autran, a delicadeza da força do ator, do poder do teatro. Autran um dia disse "Eu sou um homem de teatro, sempre fui, sempre serei um homem de teatro" (Liberdade, liberdade). O ator morreu, o teatro continua.
Três homens, vários adjetivos, três dons e uma só ARTE. Os homens já não estão entre os vivos, a arte de cada um deles, porém, sempre estará.
Mas não é a morte que devemos cantar e sim a vida. É à vida que devemos agradecer, tal como a poeta que diz no seu canto "Gracias a la vida, que me ha dado tanto! A vida que nos deu as artes de Marcel Marceau, de Luciano Pavarotti e de Paulo Autran e delas, artes no plural ,ou dela, a ARTE, no singular/coletivo, nunca seremos separados.
A vida continua e hoje voltou a chover em Brasília. A grama renasce, o ar cheira a umidade e os insetos voltaram a fazer a sua mímica nas luzes, a cantar o seu estranho canto de acasalamento, a interpretar para o seu parceiro a dança da procriação.
A chuva de hoje é vida e o sol que ontem brilhava em Brasília, também era vida.
Maravilhoso espetáculo é a vida!
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