quinta-feira, 22 de novembro de 2007

MAURICE BÉJART - MAIS UMA ESTRELA NO CÉU





Ao silêncio da mímica, do canto e do teatro (texto publicado em 13 de outubro passado), junto agora esta homenagem ao silêncio da dança.

Maurice Béjart não é um artista para ser descrito e sim para ser visto, por isso prefiro deixar aqui apenas o registro da morte, ocorrida hoje, do bailarino e, em seguida, coreógrafo, francês, nascido em Marselha. Béjart viveu em diferentes locais era cidadão do mundo e também trabalhou algum tempo no teatro "La Monnaie" de Bruxelas, cidade onde me encontro.


As suas coreografias vão ficar para sempre na memória daqueles que, como eu, viveram intensamente a segunda metade do século a que chamamos de XX.

Em junho de 1968, em Lisboa, depois de ter durante meses economizado uma parte da mesada de estudante, eu estava com a entrada comprada para assistir à apresentação de "Romeu e Julieta" com montagem de Béjart. À véspera da ansiada ida, o espetáculo foi cancelado sem maiores informações. Soube-se, mais tarde, que a polícia secreta da época, a famosa PIDE, tinha expulso de Portugal o coreógrafo e os seus bailarinos. Nunca mais tive oportunidade de assistir a uma obra de Béjart. A PIDE está me devendo essa também.



Apenas em 1974, depois da Revolução dos Cravos, os jornais puderam contar o ocorrido. Eis a explicação dada pelo "Diário de Lisboa" do cancelamento dos espetáculos ainda por apresentar : "Maurice Béjart estava em Portugal a convite da Fundação Gulbenkian e no final do espectáculo "Romeu e Julieta", a 6 de Junho de 1968, subiu ao palco para anunciar a morte do pré-candidato às presidenciais norte-americanas Robert Kennedy, assassinado em Los Angeles. Aproveitou também para homenagear as vítimas de todas as ditaduras."Robert Kennedy foi assassinado... Foi vítima da violência e do fascimo(...) Como todos os que estão aqui esta noite, somos contra as ditaduras...Peço um minuto de silêncio", terão sido as palavas do bailarino, recordadas pelo Diário de Lisboa em 1974. Com o Coliseu ao rubro, a assistência aplaudiu durante 20 minutos. Pouco depois, a PIDE foi buscar Béjart ao hotel onde se encontrava hospedado e expulsou-o do país. Foi deixado num posto fronteiriço espanhol, num "sítio deserto", segundo o próprio."
Informo o link a seguir e sugiro que o abram como forma de homenagear ao artista morto : http://www.youtube.com/watch?v=gh_9leIFl7Y

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