quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

BEOWULF


Não há admirador de literatura inglesa que não conheça e não tenha passado horas debruçado sobre a difícil leitura do épico "Beowulf ", na versão adaptada para o inglês moderno, já que só os especialistas são capazes de ler o texto em inglês antigo.

O meu primeiro contato com "Beowulf" foi no verão de 1975/1976, quando era professor de literatura inglesa em uma faculdade do Recife. Li e reli o poema, além disso, colhi todas as informações literárias a que tive acesso para poder passar algum conhecimento para a turma absolutamente desinteressada em literatura inglesa, principalmente em poemas medievais (com exceção de uma pequena parte das alunas, para ser justo).



"Beowulf" descreve as aventuras de um grande guerreiro escandinavo do século VI. É um poema épico tradicional, compilado entre os anos 700 e 1000 da Era Cristã, escrito em inglês antigo, com o emprego de aliteração (aliteração é uma figura de linguagem que consiste em repetir consoantes, vogais ou sílabas em um verso ou uma frase, principalmente nas sílabas tônicas), com cerca de 3.182 linhas. É mais longo do que qualquer outro poema em inglês antigo - , representando 10% do conjunto da literatura anglo-saxã. O poema não tem um título, à maneira clássica, mas ficou conhecido como "Beowulf "desde o início do século XIX, tendo se tornado um dos mais célebres poemas épicos, um marco na literatura medieval.


O inglês antigo (também conhecido como anglo-saxão) é uma forma primitiva da língua inglesa, falada, entre meados do século V e meados do século XII, em partes da atual Inglaterra e do que hoje é o sul da Escócia. É bastante semelhante ao frísio antigo, ao norueguês antigo e, em decorrência, ao islandês moderno. Indecifrável, para mim.

"Beowulf" existe em um único manuscrito que sobreviveu tanto à destruição de todo o material de cunho religioso (quando da dissolução dos mosteiros por Henrique VIII), quanto ao trágico incêndio que destruiu a biblioteca de Sir Robert Bruce Cotton (que viveu entre 1571 e 1631). As marcas do incêndio são visíveis no canto superior esquerdo, como se percebe na foto obtida do original da British Library, de Londres.

Passaram-se os anos, minha vida mudou, meus hábitos de leitura mudaram e "Beowulf" ficou guardado em um canto obscuro da memória, até que no domingo passado fui assistir ao filme "A lenda de Beowulf". Não sou cinéfilo e muito menos crítico de cinema, simplesmente gosto ou não gosto dos filmes a que assisto e este não se inclui na segunda categoria e, mais não fosse, deixou uma vontade enorme de procurar os meus livros com críticas sobre o épico e reler o poema, que devem estar guardados em algum lugar muito longe de Brasília, onde me encontro.


O filme tem vários méritos, o primeiro é a arte de mesclar a animação (desenho animado) com atores reais, o que transmite um aspecto misto de estranho e de espetacular às cenas épicas - incrível o que a técnica digital é capaz de conseguir! Em segundo lugar, cito as excelentes atuações de Sir Anthony Hopkins e de John Malkovich, que estão sensacionais e Ray Winstone, no papel título, também transmite bem o seu recado, consegue convencer ao assistente, apesar de alguns exageros na interpretação, talvez por se tratar de um filme de animação. Winstone disputando com Angelina Jolie as cenas de nudez discreta do filme. Por último, me agradou o ar de mistério da Alta Idade Média, que nos deixa todo o tempo envolvidos pelo desconhecido, pelo sombrio, pelas fantasias que povoam o nosso imaginário, quando nos remetemos àquele período da história humana.
A direção de Robert Zemeckis tem o mérito de conseguir filmar a aventura em animação e só lamento que em Brasília a exibição não seja em terceira dimensão, para melhor apreciar os excelentes efeitos visuais.
Acessem o link a seguir e vejam mais detalhes: http://www.beowulfmovie.com/
Recomendo.

Nenhum comentário: