sábado, 1 de dezembro de 2007

LAURO MARINHO - O AMIGO ARTISTA

Uma das primeiras postagens do blog “Lugar do Souto”, em setembro deste ano, foi para apresentar o artista pernambucano Lauro Marinho. Àquela altura, homenageei o excelente artista, o médico e o “cozinheiro” (verbete que desesperou alguns amigos). Hoje, reproduzo mais quatro belos quadros do artista, que tocam a emoção de quem gostar de primitivismo contemporâneo e, principalmente, a de quem for também de Pernambuco.
Mas, nesta postagem, o que eu quero mesmo é falar do Amigo Lauro.
O meu amigo Lauro é daquelas pessoas de quem ou se gosta no primeiro dia – e nunca mais se deixa de ser amigo -, ou não se gosta naquele dia, e aí fica difícil vir a gostar no futuro, porque ele também não deve ter gostado de você.
Eu gostei no primeiro dia!
Acho - se a memória não me trai, -que conheci Lauro em um daqueles “barzinhos” (prefiro a grafia popular à correta) apertados, pretensiosos e com fumaça por todos os lados, que faziam sucesso no Recife nos idos da década de 1980. O bar a que me refiro era localizado em plena Avenida Conselheiro Aguiar, no bairro de Boa Viagem e já lá se vão, sem dúvida, quase 30 anos, desde aquela divertida noite


O riso franco e gostoso daquele jovem médico e a cultura diversa (difícil, mas não impossível, para quem escolheu a medicina como profissão) me encantaram de imediato. As histórias que ele contava, acompanhadas de muitas “estórias” decorrentes de sua imaginação de artista, seduziam (imagino que ainda seduzem) a todos os que dele se aproximavam e ninguém mais falava quando o Dr. Lauro chegava, inclusive eu, que sempre fui, também, um grande contador de “estórias”.

Daquele primeiro dia em que o conheci, foi um pulo para passar a frequentar a casa da inesquecível família do novo amigo ... e como a frequentei a partir de então...
Fecho os olhos e não controlo uma lagrimazinha furtiva que teima em correr pela face desde que comecei esta narrativa. Tenho saudade sim daquele tempo, daquelas pessoas maravilhosas - mãe e avó - que conheci na casa do amigo e que não poderei, nunca mais, encontrar de novo - "Deixa pr’á lá, elas estão vivas nas minhas lembranças - Suas bênçãos, minhas queridas!"


Recordo perfeitamente de estar com Lauro na "Zona" de Rio Branco, no Recife, entrando e saindo de bar em bar, lembro de constantes visitas a navios estrangeiros, onde se entrava sóbrio e se saía nem sei como, lembro das idas, mais mortos do que vivos, ao "Galo da Madrugada" : http://br.youtube.com/watch?v=nIpKdkSl4Rg&feature=related .
Lembro, também, de passeios em Madrid, de ir a Toledo de pé quebrado e enfaixado por um Lauro irritado, de irmos a museus em tantas cidades. Lembro, ainda, de estarmos em Londres, sentados ambos à margens do Tâmisa à frente da Torre de Londres esperando de quem não chegava nunca (será que ainda estamos lá sentados e tudo o que aconteceu depois não é mais do que um sonho?). E que raiva que eu tive quando me deixou em pânico à espera dele por mais de duas horas num centro comercial de Brasília e chegou, calmamente, como se nada tivesse acontecido (ao que me consta, aconteceu sim, e muito)! Lembro, por fim, de tantas, tantas coisas boas e menos boas, que sempre guardarei na memória, enquanto ela insistir em guardar fatos. Lembro, lembro e continuo lembrando.
O tempo passou, as pessoas passaram e, fisicamente, o Amigo Lauro não está hoje tão perto como estava naquele tempo, mas saudade dele eu não tenho e não é por ingratidão não senhor, é apenas porque ele nunca esteve, nem nunca estará, longe de mim, está sim sempre juntinho, nas recordações, na minha vida de hoje como na de ontem e, sem dúvida, na de amanhã, se amanhã houver. Lauro está, como amigo, lá dentro do meu coração
.

Como são bonitos os quadros do artista Lauro Marinho!
Como é bom ter amigos como Lauro, que estão sempre juntos de nós!


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