terça-feira, 18 de setembro de 2007

O VOO SOLITÁRIO DAS SAUDADES DE UM REI

"O voo solitário das saudades de um rei" é apenas um projeto, um ideal, uma vontade enorme de chegar à última página.

A última página de um diário fictício escrito por um homem que um dia, por força de um infortuito acaso, tornou-se rei de Portugal, o último, de facto. A saudade que Dom Manuel II sempre sentira pelo seu país, junto com a iminência da morte, conduziram-no a ser espectador não interveniente dos 42 anos de sua vida. Um voo imaginário e solitário, nada mais. O diário é ficção, a narrativa é romanceada, mas os fatos são todos reais, fruto de pesquisas apenas iniciadas.

Dom Manuel II morreu há 75 anos e, em 2008, será celebrado o centenário da ascensão ao trono de Portugal.
A seguir, um trecho da segunda página de "O voo solitário ...":

"[...] Devido ao aumento progressivo das dores, fui obrigado a deixar Wimbledon mais cedo do que havia previsto, a despedir-me de todos e a vir para Fulwell Park, não sem antes ter lançado um olhar furtivo a Miss Withers, que estava bem atrás do Committee Box — Ela nem se apercebera que eu a havia visto desde que lá chegara ― Parecia tão contente em companhia, creio eu, da mãe! Como é grande a afeição que sinto por minha secretária! Para além de ser uma excelente profissional e uma bibliotecária do mais alto nível, que tanto me tem ajudado nos trabalhos do Catálogo dos Livros Antigos Portugueses, tornou-se, no correr destes oito anos de convivência, uma grande amiga e, por vezes mesmo, uma atenta confidente. Na última quinta-feira, ao dedicar-lhe, com a minha assinatura, o primeiro exemplar impresso do 2° volume do Catálogo, percebi o quanto ficou envaidecida e até mesmo emocionada... Não fosse ela a primeira a merecê-lo, que outra pessoa o seria? Que estranha foi a sensação que tive ontem ao vê-la! Ao sair, olhei-a apenas de soslaio e ela, mais uma vez, nem notou, mas uma enorme paz e, sei lá porquê, uma imensa saudade, apoderou-se do meu espírito!… Segunda-feira, tão logo chegue para continuar os nossos trabalhos, pedir-lhe-ei autorização para passar a tratá-la em público por Margery, melhor, talvez Miss Margery, que ainda assim é bem menos formal do que Miss Withers, como até hoje a chamei. Aproveitarei também a ocasião para lhe dizer da minha grande amizade e respeito. Por que não o fazer? Gostaria de relaxar um pouco a rigidez das normas protocolares que sempre mantivemos aqui em Inglaterra, mas terei, como é natural, de comunicar esta mudança de tratamento à minha mulher que, quanto a ela, poderá tratar Margery da maneira que melhor lhe aprouver.[...] "

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