Os nomes das ruas do Recife sempre foram tema da poesia e da prosa dos nossos "grandes".
Reproduzo informação cedida por um amigo gaúcho, bem mais recifense do que muitos dos lá nascidos, e que responde à pergunta deixada no ar na postagem que antecede a esta:
"RUA NOVA: uma das mais tradicionais e conhecidas vias do bairro de Santo Antônio teve sua origem por volta de 1746, quando da construção da Matriz de Santo Antônio. No local, na época dos holandeses, foi construída a Casa da Pólvora, um depósito onde era armazenada a pólvora para os armamentos bélicos. Em 1752, o depósito foi transferido para um outro local mais distante, despovoado, sendo a casa vendida e demolida, surgindo no lugar o novo templo. Em 1870, o nome oficial passou a ser Rua Barão da Vitória, imposto pela Câmara Municipal, em homenagem ao general José Joaquim Coelho, agraciado com o título, pelos relevantes serviços prestados à pátria. A população, no entanto, continuou chamando-a de Rua Nova até hoje.
RUA DO PADRE INGLÊS: antigo beco, localizado no bairro da Boa Vista. A origem do nome é de 1837, quando ali residiu o reverendo inglês Charles Adye Austin, primeiro capelão da Igreja Anglicana da Santíssima Trindade, construída pela colônia inglesa do Recife, na esquina da atual Avenida Conde da Boa Vista (antiga Rua Formosa) com a Rua da Aurora, demolida posteriormente. Seu nome já foi mudado oficialmente para Rua Pereira da Costa (1918), mas continua sendo conhecida e referenciada pelo seu antigo nome.
RUA QUARENTA E OITO: localizada no bairro do Espinheiro, seu nome é uma homenagem à Revolução Praieira, que eclodiu em 1848. Um grupo de revolucionários da revolta costumava se reunir no antigo Sítio do Feitosa, naquela localidade. No início do século XX, era denominada de Rua Nunes Machado, principal vulto da Praieira.
RUA DO SOL: localizada no bairro de Santo Antônio, segue a margem do rio Capibaribe, desde a Ponte da Boa Vista até a de Santa Isabel. Já em 1835, há registros no Diário de Pernambuco referindo-se ao local com o nome de Rua do Sol. Sua denominação vem do fato de receber os raios solares na maior parte do dia. Já foi chamada de Cais do Machado. A Prefeitura, em 1884, mudou seu nome para Rua Dr. Ivo Miquelino e, em 1818, seu nome oficial era Rua Major Codiceira. É conhecida e chamada até hoje de Rua do Sol pela população.
RUA DA UNIÃO: localizada no bairro da Boa Vista, conserva até hoje a mesma denominação. A origem do nome vem de uma antiga tipografia que editava o jornal União. Local onde Manuel Bandeira passou parte da sua infância, abriga hoje no nº 263, o Espaço Cultural Passárgada, em homenagem ao poeta.
Algumas das antigas estradas suburbanas, ou seja, os caminhos mais longos que levavam aos subúrbios da cidade, ainda mantêm até hoje o nome de Estrada, como, por exemplo, a de Belém, no bairro de Campo Grande, cujo nome vem do antigo Engenho Belém, que existia onde hoje se encontra localizada a Igreja de Belém; a dos Remédios construída em 1850, que ligava os bairros da Madalena e Afogados, cujo nome vem da antiga Capela de Nossa Senhora dos Remédios ali existente; a do Encanamento, assim denominada porque pelo local passava a tubulação da Companhia do Beberibe, que levava água do Açude do Prata, em Dois Irmãos, para abastecer parte da cidade. Outras estradas foram transformadas em avenidas como a de Caxangá, que já se chamou de Estrada de Paudalho e, em 1875, era conhecida como Estrada do Ambolê, e a Estrada da Imbiribeira, cuja denominação oficial é Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, uma homenagem ao comandante das tropas brasileiras na II Guerra Mundial.
FONTES CONSULTADAS:
CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e suas ruas: "Se essas ruas fossem minhas..." Recife: Edificantes, 2002.
Se essas ruas fossem minhas. Suplemento Cultural D.O. PE, Recife, ano 16, p. 12-14, abr. 2002.
FRAGOSO, Danillo. Velhas ruas do Recife. Correio da Manhã: Caderno do Nordeste, Rio de Janeiro, 13 jan. 1967. p.20, Suplemento especial.
PERNAMBUCO: ruas do Recife: diccionario completo das ruas do município do Recife, com os nomes antiguíssimos, antigos e modernos e ligeiro histórico dos bairros. Recife: Papelaria Ingleza, 1921. 112 p.
SILVA, Leonardo Dantas. Se essas ruas fossem minhas, os seus nomes não seriam mudados. Recife: Fundaj. Inpso; Coordenadoria de Estudos Folclóricos, 2001. (Folclore, n.287)."
2 comentários:
Alvaro parabéns pelo seu blog
está fantastico, falta só algumas fotos suas e você descrever e fazer uma análise critica de seu "amigos" vicente
Parabéns, Sou super fã das origens dos nomes das ruas do nosso Recife...
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